domingo, 28 de junho de 2015

Dicas para o dia dia



Se afastar de pessoas que são nocivas a gente, independente de pessoa e grupo. Fazer uma seleçã sem esperar nada de ninguém.
Respeitar que nem todo mundo tem a ver com a gente.
Evitar o estresse e não se envolver e sofrer em situações que não depende de nós.
Não se incomodar com a critica
Não supervalorize a opinião dos outros
Saiba a hora de brincar
Não se sinta culpado se a outra pessoa não gostou do seu comportamento
Maneire na simpatia
Aprenda a dizer a não
Liberdade interna Liberdade parece mais uma habilidade de atravessar aquela tentativa da nossa mente de solidificar a vida num frasquinho de certeza.
Resiliência para os dias difíceis Ao conseguir resistir ao impulso de se fechar numa ideia, lugar ou pessoa, os dias difíceis tendem a ser mais fáceis.
Lidar com a incompletude da vida Não, não haverá algum momento em que você terá chegado no topo da montanha, não há topo e nem montanha.
Aceite que nem todo mundo vai gostar da gente
Seja feliz e pare de ser legalzinho com todos.
Saiba lidar com as adversidades da vida.
Não adianta achar que a vida é injusta ou tentar encontrar culpados em vez de entender o porquê estamos passando por aquela situação tão desagradável e o que podemos fazer para que aquilo não se repita ou não nos abale tanto.
Não se culpe Quando as coisas vão mal, às vezes começamos a nos torturar listando nossos fracassos e acusando-nos pelas falhas. Além de os fazer sofrer, esse tipo de pensamento pode nos paralisar. A verdade é que qualquer situação é resultado de coisas que estão sob nosso controle e de outras que nos escapam. E que faz parte a condição humana errar e aprender com o erro. Se você se entregar ao sentimento de culpa, perderá até a capacidade de reparar o erro. Ao fazer isso, deixamos de perceber duas coisas: que agente aprende com o erro e que é inútil desperdiçar tempo nos culpando. O importante é a maneira de encarar o que acontece: a pessoa que tende atirar conclusões negativas sobre si mesma quando coisas negativas ocorrem é certamente menos feliz do que as que se tratam com complacência. As pessoas que vêem a si mesmas como causa dos acontecimentos negativos têm uma probabilidade quarenta e três por cento menor de estarem satisfeitas do que aquelas que não o fazem.
Descubra o que deixa você feliz ou triste
Não é o que aconteceu, é o modo como você pensa sobre o que aconteceu Não há qualquer forma objetiva de lhe dizer se você teve uma boa vida, um bom dia ou uma boa hora. O seu julgamento é a única forma de dizer se a sua vida é bem-sucedida.
Procure pensar menos nas pessoas e nas coisas que incomodam Há inúmeras coisas nas quais podemos pensar, mas muitos têm a tendência de concentrar sua atenção naquilo que mais incomoda. Se é o seu caso, tome consciência das manifestações dessa tendência.
O importante é ser feliz e não ser o dono da verdade querer ter razão em tudo.
São o que falar e com quem falar, pois as pessoas são muito sensíveis.
Uma das coisas que você DEVE sempre estar trabalhando é em conquistar o autocontrole.
Monitore seus diálogos internos: As coisas que você diz para si mesmo, você deve cuidar delas e ao cuidar delas você deve assumir a responsabilidade.
Não permita que os outros te controle, não permita que alguém tenha poder sobre você. Elas não dizem coisas como, “Meu chefe me faz sentir mal”, porque elas compreendem que elas estão no controle sobre suas emoções e elas possuem a escolha de como reagir.
Não gaste energia com coisas que não podem controlar Você não ouve uma pessoa mentalmente forte reclamando da mala perdida ou do trânsito. Ao invés disso, elas focam naquilo que podem controlar em suas vidas. Elas reconhecem que algumas vezes, a única coisa que podem controlar, é sua atitude.
Não se preocupe em agradar todo mundo Pessoas mentalmente fortes reconhecem que não precisam agradar todo mundo o tempo todo. Elas não têm medo de dizer não ou falar quando é necessário. Elas buscam ser gentis e justas, mas podem lidar com outras pessoas chateadas se elas as fizeram felizes.
Não renegue o passado Pessoas mentalmente fortes não gastam tempo renegando o passado e querendo que as coisas fossem diferentes. Elas reconhecem o passado e podem dizer o que elas aprenderam com ele. Entretanto, elas não revivem constantemente as experiências ruins ou fantasiam sobre os dias gloriosos. Ao invés disso, elas vivem para opresente e planejam para o futuro.
Não fique ressentido pelo sucesso alheio Pessoas mentalmente fortes conseguem apreciar e celebrar o sucesso na vida de outras pessoas. Elas não ficam invejosas ou se sentem trapaceadas quando outros as superam. Ao invés disso, elas reconhecem que o sucesso é conquistado através de trabalho duro, e elas estão querendo o trabalho duro para própria chance de sucesso.
Não queira ajudar outra pessoa e sofrer junto com ela.













O Que é se Colocar no Lugar do Outro?

O Que é se Colocar no Lugar do Outro?


Uma das operações psíquicas mais sofisticadas que aprendemos, lá pelos 7 anos, é esta, de tentarmos sair de nós mesmos para imaginar como se sentem as outras pessoas. De repente podemos olhar para a rua num dia de chuva e imaginar – o que, de certa forma, significa sentir – o frio que um outro menino pode passar por estar mal agasalhado.
Nossa capacidade de imaginar o que se passa é como uma faca de dois gumes. O engano mais comum – e de graves consequências para as relações interpessoais – não é imaginarmos as sensações de uma outra pessoa, e sim tentarmos prever que tipo de reação ela terá diante de uma certa situação. Costumamos pensar assim: “Eu, no lugar dela, faria desta maneira.” Julgamos correta a atitude da pessoa quando ela age da forma que agiríamos. Achamos inadequada sua conduta sempre que ela for diversa daquela que teríamos. Ou melhor, daquela que pensamos que teríamos, uma vez que muitas vezes fazemos juízos a respeito de situações que jamais vivemos.
Quando nos colocamos no lugar de alguém, levamos conosco nosso código de valores. Entramos no corpo do outro com nossa alma. Partimos do princípio que essa operação é possível, uma vez que acreditamos piamente que as almas são idênticas; ou, pelo menos, bastante parecidas. Cada vez que o outro não age de acordo com aquilo que pensávamos fazer no lugar dele, experimentamos uma enorme decepção. Entristecemo-nos mesmo quando tal atitude não tem nada a ver conosco. Vivenciamos exatamente a dor que tentamos a todo o custo evitar, que é a de nos sentirmos solitários neste mundo.
Sem nos darmos conta, tendemos a nos tornar autoritários, desejando sempre que o outro se comporte de acordo com nossas convicções. E assim procedemos sempre com o mesmo argumento: “Eu, no lugar dele, agiria assim.”
A decepção será maior ainda se o outro agiu de modo inesperado em relação à nossa pessoa. Se nos tratou de uma forma rude, que não seria a nossa reação diante daquela situação, nos sentimos duplamente traídos: pela agressão recebida e pela reação diferente daquela que esperávamos. É sempre o eterno problema de não sabermos conviver com a verdade de que somos diferentes uns dos outros; e, por isso mesmo, solitários.
Aqueles que entendem que as diferenças entre as pessoas são maiores do que as que nos ensinaram a ver, desenvolvem uma atitude de real tolerância diante de pontos de vista variados a respeito de quase tudo. Deixam de se sentir pessoalmente ofendidos pelas diferenças de opinião. Podem, finalmente, enxergar o outro com objetividade, como um ser à parte, independente de nós. Ao se colocar no lugar do outro, tentarão penetrar na alma do outro, e não apenas transferir sua alma para o corpo do outro. É o início da verdadeira comunicação entre as pessoas.

terça-feira, 16 de junho de 2015

5 razões para aceitar mais o que acontece

5 Razões para aceitar mais o que acontece

1) Inevitabilidade

Como digo no vídeo, existem muitas e muitas situações que são totalmente inevitáveis, como estar chovendo em um dia em que você gostaria que fizesse sol ou ter que acordar cedo em uma segunda-feira se o seu horário de trabalho exigir.
Ir contra o que é inevitável é manter uma postura infantil (no mal sentido) de espernear e ficar de birra quando não se consegue o que se deseja.

2) Diminuição do sofrimento

Quando não aceitamos algo que já está acontecendo, nós criamos uma resistência que faz com que o sofrimento seja duplicado. Por exemplo, uma dor nas costas é o que é: uma dor física. Se eu não aceitar o que está acontecendo, vou criar um outro sofrimento. Além da dor física estarei vivenciando a dor emocional, mental que aparece como irritação, raiva, ódio, tristeza…
Portanto, ao aceitar o que está acontecendo, uma dor ou um desentendimento, um problema ou uma dificuldade, estaremos diminuindo o sofrimento. Não que o sofrimento vá acabar de uma vez por todas. Mas, ao menos, não estaremos duplicando ou até multiplicando-o.

3) Clareza sobre o que fazer

No que se relaciona com o poder, com o poder fazer, nós podemos dividir a realidade em duas situações básicas:
– circunstâncias em que podemos fazer algo para alterar a circunstância;
– circunstâncias em que não podemos fazer algo.
Sobre a última, nós falamos no tópico 1, sobre inevitabilidade, agora vamos tratar a primeira. Até para mudarmos alguma coisa, precisamos aceitar como está, ou seja, precisamos saber de onde partimos.
Talvez acordar às segundas-ferias não seja inevitável, talvez possamos mudar isso. Porém, antes de mudar, teremos que avaliar aonde estamos e como estamos. E, para tanto, precisamos aceitar a realidade como está dada – aqui e agora.
A dor nas costas pode não passar, mas teremos que aceitar que existe para procurar um médico.
De modo que ao aceitar, estaremos tendo muito mais visão e clareza sobre o que pode ser feito. Se não aceitarmos, se afastarmos o que está acontecendo, se negarmos apenas ou resistirmos, não conseguiremos sair do lugar.
O exemplo clássico é da pessoa que tem um problema de saúde, mas nega que tenha o problema e, portanto, não vai fazer uma avaliação apropriada. O resultado é que o problema tende a piorar.

4) O presente do agora

Nunca é demais dizer que o agora é tudo o que é. O passado já foi e é outra coisa inevitável. Não podemos fazer nada ontem ou no mês passado porque este tempo já foi, enquanto que o futuro ainda não é e, portanto, não podemos realizar uma ação ano que vem. Só agora!
E é interessante que a palavra presente, em português, signifique tanto o momento atual como um brinde, uma dádiva (quando recebemos um presente de alguém). No latim, a palavra praesente significava:
  1. em presença de
  2. à vista de
  3. ante
  4. diante de
Consequentemente, o presente é a dádiva do que está diante de nós, à nossa vista. E, ao percebermos de verdade, o presente do presente, passamos a agradecer mais, pela oportunidade de estar aqui e realizar o que temos que realizar.

5) Aceitação e Empatia

Imagine que você tem a sorte de conhecer alguém que te aceita como você é. Te ouve profundamente e realmente. Está ali para te ouvir, quando você precisa ser ouvido e aceita o seu jeito de ser totalmente. Maravilhoso não é?
Então, da mesma forma que podemos ter a sorte de encontrar alguém assim, nós também podemos criar, conscientemente, empatia com as outras pessoas. Como dizia Rogers: “Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”.
Se não aceitamos a outra pessoa como ela é, nós não estamos sendo empáticos. Isso significa aceitar também os defeitos e imperfeições (porque afinal ninguém é perfeito), mas, evidente, não significa concordar com os erros que possam prejudicar a ela e aos outros.
A preocupação sobre as falhas é curiosa. Sabemos que só a partir da aceitação é que se pode mudar um comportamento equivocado. É preciso aceitar que se tem um vício, um problema emocional, uma perturbação para mudar. Sem aceitação dessa parte que a psicologia analítica chama de sombra, não teremos como mudar e melhorar.
De modo que a aceitação do outro também gera uma mudança positiva. Ainda que não tenha este propósito, a aceitação é benéfica igualmente sobre este ponto de vista. Lembrando que a ideia da relação da empatia com a aceitação é possibilitar relacionamentos mais harmônicos.

Conclusão

Para concluir, acho importante falar mais sobre a diferença entre aceitar e ser passivo. Vamos pegar um exemplo extremo. Imagine que você descubra que alguém da sua família está sofrendo violência física em casa.
Você pode: aceitar ou não aceitar.
Se não aceitar, você estará negando e recalcando, reprimindo, aquela informação e, portanto, não fará nada. “Isso não existe. Isso não está acontecendo”. Resultado: nenhuma ação.
Se você aceitar a informação, poderá investigar se é isso mesmo. Poderá conversar com as pessoas envolvidas ou encontrar uma forma de ajudar.
Aceitação não é sinônimo de passividade, de não-ação. Muitas vezes, como no exemplo acima, é a aceitação que proporciona a ação. Aceitação deve ser entendida como abertura para o que está acontecendo, ainda que o que esteja acontecendo não seja positivo.
“A maioria das pessoas nunca está presente completamente no agora, porque inconscientemente as pessoas acreditam que o próximo momento deve ser mais importante do que este. Mas assim você perde a vida inteira, que nunca é não-agora” (Eckhart Tolle).

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Nossas qualidades atraem hostilidade



Crescemos e nos formamos levando em consideração, basicamente, aquilo que ouvimos dos nossos pais e professores.
Por influência deles, somos levados a concluir que é conveniente sermos pessoas boas, esforçadas, trabalhadoras e gentis com os nossos colegas, uma vez que este é o caminho para sermos aceitos e queridos por eles.
Uma das mais desagradáveis surpresas que muitos de nós tiveram ao longo da adolescência reside no fato de que, exatamente por sermos portadores de tais qualidades, somos muito mais hostilizados que amados. A ideia de que o acúmulo de virtudes despertará o amor das pessoas parece lógica, de modo que quase todos se esforçam nesta direção.
Só não agem de modo legal aqueles que não conseguiram o desenvolvimento interior necessário para, por exemplo, controlar seus impulsos agressivos ou renunciar a determinados prazeres imediatos em favor de outros, maiores, colocados no futuro.
Assim, ao longo da vida adulta convivem dois tipos de pessoas: aquelas que conseguiram vencer estes obstáculos interiores e se tornaram criaturas melhores e outras que não foram capazes de ultrapassar estas primeiras e fundamentais dificuldades – e que se esforçam ao máximo para disfarçar suas fraquezas.
As primeiras são as que saíram vencedoras no primeiro combate importante da vida, o de “domesticar” seus próprios impulsos destrutivos, e se transformaram em criaturas portadoras das propriedades humanas que somos unânimes em catalogar como virtudes.
O que acontece? Os perdedores se sentem incomodados e humilhados pelo fato de não possuírem igual capacidade de controle interior.
Este dado é muito importante, pois indica que, independentemente do que digam, os perdedores sabem perfeitamente quais são as virtudes e as apreciam; não aderem a elas porque isto implica em um esforço que não são capazes de fazer.
De todo modo, os perdedores – que adoram desfilar como “superiores” e indiferentes às questões da moral –, por se sentirem humilhados, também se sentem agredidos pela presença daquelas virtudes em uma outra pessoa que não neles próprios.
Comparam-se com o virtuoso, consideram-se inferiores a eles, sentem-se por baixo, irritados com a presença daquelas virtudes que adorariam possuir. A vaidade dos perdedores fica ferida e eles, como têm pouca competência para controlar a agressividade, saem atirando pedras.
É claro que tais pedradas têm de ser sutis para que não denunciem todos os passos do mecanismo da inveja: reação agressiva derivada de suposta ofensa na vaidade daquele que se sentiu inferiorizado por não ter as virtudes que lhes provocaram a admiração.
Sim, porque o invejoso admira muito o invejado; senão seria tudo totalmente sem sentido. Saber que o bandido inveja o mocinho é uma das razões da esperança que sempre tive no futuro da nossa espécie.
A agressividade sutil derivada da inveja nos derruba, entre outras razões, porque ela vem de pessoas que gostaríamos que nos amassem.
Afinal de contas, nos esforçamos tanto para conseguirmos os bons resultados justamente para ter essa recompensa. É difícil para um filho perceber que suas qualidades despertam em seu pai emoções contraditórias: por um lado, a admiração se transforma em inveja, de modo que o pai se ressente da boa evolução do filho.
O mesmo acontece entre mães e filhas, sendo inúmeras as exceções onde a admiração não dá origem à vertente invejosa.
As “agulhadas”, as indiretas e as observações depreciativas e inoportunas próprias da inveja existem de modo muito intenso entre irmãos (eternos rivais), entre marido e mulher, assim como em todas as outras relações sociais e profissionais.
É praticamente impossível uma pessoa se destacar por virtudes ou competências especiais sem ser objeto da enorme carga negativa derivada da hostilidade invejosa.
O mais grave é que não fomos educados para isso, de modo que nos surpreendemos e ficamos chocados ao observarmos esse resultado. A decepção é tal que muitos se desequilibram quando atingem algum tipo de destaque, condição na qual são levados a um estado de solidão – o oposto do que pretendiam.
Uns se drogam e outros tratam de destruir rapidamente o que construíram, de modo a deixarem de ser objeto de inveja.
Tudo isso é, além de triste, inevitável, ao menos no estágio atual do nosso desenvolvimento emocional. Poderíamos ser ao menos alertados por uma educação mais sincera e sem ilusões.
Toda ilusão trará uma desilusão!
A maior parte das pessoas jamais imaginou, por exemplo, o volume de problemas e de decepções por que passam as moças mais belas, especialmente quando isso se associa a uma inteligência sofisticada e a uma formação moral requintada.
São portadoras daquelas virtudes que mais aparecem e encantam a todos. São, por isso mesmo, objeto de uma hostilidade inesperada e enorme. Ficam totalmente encurraladas e quase nunca sabem como sair da situação a não ser destruindo algumas de suas propriedades.

Respeite o meu direito de não querer te ouvir ou ver



O fato de alguém querer muito a nossa atenção não nos obriga a aceitar sua aproximação. Ao insistir em seu objetivo, mesmo que nos ame, ela estará sendo prepotente e egoísta.
Um senhor me acusou de desrespeitoso e mal-educado. Motivo? Não quis falar com ele ao telefone. Não o conheço, sabia que ele queria fazer críticas — “construtivas” — ao meu trabalho. Não me interessei em saber quais eram.
Uma colega me conta que sua mãe lhe diz: “Sua amiga de infância esteve aqui e está louca para revê-la. Quando posso marcar o encontro?” Minha colega não tem interesse em saber como está essa pessoa, nem deseja reencontrá-la.
Uma filha atende o telefone e diz ao pai: “Fulano quer falar com você”. O pai responde: “Diga que não estou”. “Mas ele diz que quer muito falar com você.” O pai: “Sim, mas eu não quero falar com ele!”
Afinal de contas, quem está com a razão? Aquele que se sente ofendido por não ser ouvido ou recebido? Ou quem se acha com o direito de só receber as pessoas que lhe interessam?
Quem faz questão de colocar sua opinião tem direito a isso ou é prepotente por achar que o outro tem que ouvi-lo, apenas porque ele está com vontade de falar? Ou é egoísta e desrespeitoso aquele que só fala e recebe as pessoas que lhe interessam ou quando está com vontade?
Acho fundamental tentarmos entender essas questões aparentemente banais, uma vez que elas são parte das complicadas relações no cotidiano de todos nós. Elas envolvem questões morais e dos direitos de cada um. Tratam do que é justo e do que é injusto.
Acredito que é direito legítimo de cada um falar ou não com qualquer outra pessoa. O fato de ela querer muito nossa atenção não nos obriga a aceitar sua aproximação. E isso independe das intenções de quem deseja o convívio.
Posso, se quiser, recusar a aproximação de uma pessoa, mesmo que ela venha me oferecer o melhor negócio do mundo. E o fato de uma pessoa me amar também não a autoriza a nada! Não pode, apenas por me amar, desejar que eu a queira por perto. Ao forçar a aproximação com alguém que não esteja interessado nisso, a pessoa estará agindo de modo agressivo, autoritário e prepotente.
As belas intenções não alteram o caráter prepotente da ação. Na verdade, egoísta é quem quer ver sua vontade satisfeita, mesmo se isto for unilateral. Ele não está ligando a mínima para o outro.
O mesmo raciocínio vale para as pessoas amigas. Não tem o menor sentido eu ir à casa de um amigo para dizer-lhe o que penso de uma determinada atitude sua que não me diz respeito, mesmo que eu não tenha gostado ou aprovado. Ele não me perguntou nada! Ainda que goste muito de mim, talvez não queira saber minha opinião. Talvez não deseje saber a opinião de ninguém! É direito dele.
Pode também acontecer o contrário: a pessoa desejar a minha opinião e eu me recusar a dar. Aí é o outro quem tem de respeitar o meu direito de omissão. Não cabe a frase do tipo: “Mas nós somos tão amigos e temos que dizer tudo um ao outro”. É assim que, com frequência, se perdem bons amigos. É preciso ter cautela com o outro, com o direito do outro. Não basta ter vontade de falar. É preciso que o outro esteja com vontade de ouvir.
Nós nos tornamos inconvenientes e agressivos quando falamos coisas que os outros não estão a fim de ouvir. Raciocínio idêntico vale também para as relações íntimas — entre parentes, em geral, e marido e mulher, em particular. Nesses casos, o desrespeito costuma ser ainda maior. As pessoas dizem e fazem tudo o que lhes passa pela cabeça. É um perigo. Elas não param de se ofender e de se magoar. Acreditam que, só porque são parentes, têm o direito de falar tudo o que pensam, sem se preocupar como o outro irá receber aquelas palavras.
Toda relação humana de respeito implica a necessidade de se imaginar o que pode magoar gratuitamente o outro. É necessário prestar atenção no outro, para evitar agressões, mesmo involuntárias.
Quando as pessoas falam e fazem o que querem, sem se preocupar com a repercussão sobre o outro, é porque nelas predomina o egoísmo ou o desejo de magoar.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Como aceitar as diferenças



Tenho tentado mostrar como nosso relacionamento com as outras pessoas é, na realidade, uma espécie de monólogo no qual esperamos encontrar no outro um espelho de nós mesmos.
Isso só ocorre porque somos inseguros e toleramos mal as diferenças de opinião – que nos deixam em dúvida sobre nossas próprias posições – e nos lembram a condição de solidão, da qual tentamos fugir o tempo todo.
Se não somos iguais, cada vez que conhecemos uma pessoa temos de nos dedicar a tentar saber quem ela é. Sim, porque já sabemos que não é obrigatório que ela pense, sinta, julgue e aja como nós.
É evidente que deve haver alguns pontos em comum; porém, o importante é detectar com precisão as diferenças, condição indispensável para podermos fazer previsões em relação aos possíveis comportamentos dessa pessoa. Assim, iniciamos o processo de entrar em sua alma, descobrir como ela funciona e, por alguns minutos, vivenciar as coisas sob aquele ponto de vista. A isso chamamos de empatia.
Este processo é completamente diferente de se colocar no lugar do outro levando em conta nossa experiência e nossos pontos de vista. Trata-se de entrar no sistema de pensamento da outra pessoa e pensar segundo as regras que a norteiam.
É evidente que se trata de algo mais difícil, já que o modo de ser e de pensar de cada um de nós é fortemente influenciado por aquilo que passamos ao longo dos anos. É difícil conseguirmos nos intrometer na subjetividade de outra pessoa sem cometer alguns equívocos.
Aquele que quiser compreender seu semelhante – mas não igual – terá de se conscientizar de que fazer um juízo moral a respeito de sua forma de pensar tem muito pouca serventia.
Entrar na alma do outro é fazer uma viagem totalmente diferente, onde o que interessa é conseguir sentir como o outro sente, pensar como o outro pensa, julgar como o outro julga.
Com isso poderemos nos sentir próximos dessa pessoa por um certo tempo, compreendê-la e até mesmo nos sentir solidários a ela. Isso não significa, entretanto, que devemos aceitar todo tipo de comportamento ou nos livrarmos das nossas preocupações éticas.
É claro que teremos maiores afinidades com aqueles que têm um modo de avaliar as coisas mais ou menos parecido com o nosso. Devemos, porém, tentar compreender aqueles que são bastante diferentes de nós. Isso provocará um enorme enriquecimento da nossa vida interior, pois por meio desse tipo de experiência poderemos vivenciar outros modos de existir e de pensar sobre nossa condição.
Compreender e se comunicar com todos os tipos de pessoa será sempre uma empreitada engrandecedora. Por essa via poderemos acumular um conhecimento de vida muito mais rico do que com uma atitude crítica que, na verdade, exclui e despreza tudo e todos que não forem como nós somos.