5 Razões para aceitar mais o que acontece
1) Inevitabilidade
Como digo no vídeo, existem muitas e muitas situações que são totalmente inevitáveis, como estar chovendo em um dia em que você gostaria que fizesse sol ou ter que acordar cedo em uma segunda-feira se o seu horário de trabalho exigir.
Ir contra o que é inevitável é manter uma postura infantil (no mal sentido) de espernear e ficar de birra quando não se consegue o que se deseja.
2) Diminuição do sofrimento
Quando não aceitamos algo que já está acontecendo, nós criamos uma resistência que faz com que o sofrimento seja duplicado. Por exemplo, uma dor nas costas é o que é: uma dor física. Se eu não aceitar o que está acontecendo, vou criar um outro sofrimento. Além da dor física estarei vivenciando a dor emocional, mental que aparece como irritação, raiva, ódio, tristeza…
Portanto, ao aceitar o que está acontecendo, uma dor ou um desentendimento, um problema ou uma dificuldade, estaremos diminuindo o sofrimento. Não que o sofrimento vá acabar de uma vez por todas. Mas, ao menos, não estaremos duplicando ou até multiplicando-o.
3) Clareza sobre o que fazer
No que se relaciona com o poder, com o poder fazer, nós podemos dividir a realidade em duas situações básicas:
– circunstâncias em que podemos fazer algo para alterar a circunstância;
– circunstâncias em que não podemos fazer algo.
Sobre a última, nós falamos no tópico 1, sobre inevitabilidade, agora vamos tratar a primeira. Até para mudarmos alguma coisa, precisamos aceitar como está, ou seja, precisamos saber de onde partimos.
Talvez acordar às segundas-ferias não seja inevitável, talvez possamos mudar isso. Porém, antes de mudar, teremos que avaliar aonde estamos e como estamos. E, para tanto, precisamos aceitar a realidade como está dada – aqui e agora.
A dor nas costas pode não passar, mas teremos que aceitar que existe para procurar um médico.
De modo que ao aceitar, estaremos tendo muito mais visão e clareza sobre o que pode ser feito. Se não aceitarmos, se afastarmos o que está acontecendo, se negarmos apenas ou resistirmos, não conseguiremos sair do lugar.
O exemplo clássico é da pessoa que tem um problema de saúde, mas nega que tenha o problema e, portanto, não vai fazer uma avaliação apropriada. O resultado é que o problema tende a piorar.
4) O presente do agora
Nunca é demais dizer que o agora é tudo o que é. O passado já foi e é outra coisa inevitável. Não podemos fazer nada ontem ou no mês passado porque este tempo já foi, enquanto que o futuro ainda não é e, portanto, não podemos realizar uma ação ano que vem. Só agora!
E é interessante que a palavra presente, em português, signifique tanto o momento atual como um brinde, uma dádiva (quando recebemos um presente de alguém). No latim, a palavra praesente significava:
- em presença de
- à vista de
- ante
- diante de
Consequentemente, o presente é a dádiva do que está diante de nós, à nossa vista. E, ao percebermos de verdade, o presente do presente, passamos a agradecer mais, pela oportunidade de estar aqui e realizar o que temos que realizar.
5) Aceitação e Empatia
Imagine que você tem a sorte de conhecer alguém que te aceita como você é. Te ouve profundamente e realmente. Está ali para te ouvir, quando você precisa ser ouvido e aceita o seu jeito de ser totalmente. Maravilhoso não é?
Então, da mesma forma que podemos ter a sorte de encontrar alguém assim, nós também podemos criar, conscientemente, empatia com as outras pessoas. Como dizia Rogers: “Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”.
Se não aceitamos a outra pessoa como ela é, nós não estamos sendo empáticos. Isso significa aceitar também os defeitos e imperfeições (porque afinal ninguém é perfeito), mas, evidente, não significa concordar com os erros que possam prejudicar a ela e aos outros.
A preocupação sobre as falhas é curiosa. Sabemos que só a partir da aceitação é que se pode mudar um comportamento equivocado. É preciso aceitar que se tem um vício, um problema emocional, uma perturbação para mudar. Sem aceitação dessa parte que a psicologia analítica chama de sombra, não teremos como mudar e melhorar.
De modo que a aceitação do outro também gera uma mudança positiva. Ainda que não tenha este propósito, a aceitação é benéfica igualmente sobre este ponto de vista. Lembrando que a ideia da relação da empatia com a aceitação é possibilitar relacionamentos mais harmônicos.
Conclusão
Para concluir, acho importante falar mais sobre a diferença entre aceitar e ser passivo. Vamos pegar um exemplo extremo. Imagine que você descubra que alguém da sua família está sofrendo violência física em casa.
Você pode: aceitar ou não aceitar.
Se não aceitar, você estará negando e recalcando, reprimindo, aquela informação e, portanto, não fará nada. “Isso não existe. Isso não está acontecendo”. Resultado: nenhuma ação.
Se você aceitar a informação, poderá investigar se é isso mesmo. Poderá conversar com as pessoas envolvidas ou encontrar uma forma de ajudar.
Aceitação não é sinônimo de passividade, de não-ação. Muitas vezes, como no exemplo acima, é a aceitação que proporciona a ação. Aceitação deve ser entendida como abertura para o que está acontecendo, ainda que o que esteja acontecendo não seja positivo.
“A maioria das pessoas nunca está presente completamente no agora, porque inconscientemente as pessoas acreditam que o próximo momento deve ser mais importante do que este. Mas assim você perde a vida inteira, que nunca é não-agora” (Eckhart Tolle).
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