quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Os seis tipos de Eu

Os seis tipos de Eu
Eu gerente
São as pessoas cujo Eu aprendeu a gerenciar seus pensamentos, a exercer a arte
de se autoquestionar. Elas libertam seu imaginário, apreciam os movimentos do
autofluxo, são criativas, motivadas, inspiradas e também capazes de criticar suas ideias, verdades, crenças.
Sabem que quem vence sem dificuldades triunfa sem grandeza. Portanto,
rompem o cárcere da mesmice, andam por espaços inexplorados, são curiosas,
exploram o que está além dos seus olhos, mas, ao mesmo tempo, seu Eu tem
maturidade para reciclar e qualificar seus pensamentos e suas imagens mentais.
Têm consciência de que o fenômeno do autofluxo é uma fonte de inspiração,
entretenimento e aventura, porém não permitem ser dominadas por ele.
O Eu gerente faz uma higiene mental diária: duvida dos pensamentos
perturbadores, critica as falsas crenças e determina ou decide estrategicamente
aonde quer chegar; portanto, usa a técnica do duvidar, criticar e determinar (DCD).
O Eu gerente é livre, leve, solto, faz do caos uma oportunidade criativa, tem
resiliência para usar a dor a fim de se construir, reconhece erros, pede desculpas e
encanta as pessoas, pois não tem a necessidade neurótica de ser perfeito. Por isso,
é capaz de falar de suas lágrimas para que seus filhos e alunos aprendam a chorar
as deles. Porque um dia as chorarão.
Eu viajante ou desconectado
São as pessoas que embarcam seu Eu em todas as viagens promovidas pelo
autofluxo, sem promover nenhum gerenciamento. O céu e o inferno emocional
estão muito próximos de alguém que tem um Eu desconectado. Tais pessoas não
perderam os parâmetros da realidade, não estão em surto psicótico, mas, por
serem viajantes na trajetória da própria mente, alternam com muita facilidade
momentos felizes e de tensão.
Como o Eu viajante não tem gestão mínima da sua mente, dependendo do lugar
da memória em que se ancora o autofluxo, as pessoas com esse tipo de Eu
assistirão como espectadores passivos aos pensamentos, ideias, imagens mentais
e emoções construídos por esse fenômeno inconsciente. Um Eu desconectado não
assume a direção da própria história. Por onde o autofluxo caminha, o Eu
ingenuamente o segue.
As pessoas que têm um Eu desconectado ou viajante vivem imersos em seu
psiquismo, pensando, imaginando, fantasiando. São tão distraídos e
desconcentrados que você fala com eles por minutos, mas eles não prestam
atenção nas suas palavras.
Não poucas pessoas inteligentes, incluindo muitos gênios, têm um Eu viajante.
Mas, por serem desconectadas da realidade, infelizmente não usam adequadamente seu potencial intelectual.
São indivíduos sonhadores, mas sem disciplina para transformar seus sonhos em
realidade. São ótimos para discursar, mas não são produtivos. Amam os aplausos,
mas não gostam de afinar o piano, carregá-lo e tocá-lo.
Há muitas pessoas que têm um Eu desconectado e são afetivas, generosas,
calmas, mas em não poucos casos há um egoísmo e um egocentrismo na base de
sua desconexão. Pouco se preocupam com a dor do outro e, por isso, têm poucas
atitudes práticas para aliviá-la. São ótimas para falar, mas tardias em agir.
Aprender a arte do altruísmo e da observação exige um treinamento que um Eu
desconectado deve fazer diariamente.
Alguns alunos têm uma SPA tão intensa e são tão desconectados em sala de aula
que lhes peço para realizar a seguinte técnica para se concentrar e melhorar o
desempenho intelectual: elaborar, em sua mente, a síntese da exposição dos
professores durante a fala destes e escrevê-la rapidamente.
Eu flutuante
O Eu flutuante, assim como o Eu desconectado, não tem âncora, segurança,
estabilidade, clareza sobre onde está e aonde quer chegar. Segue os movimentos
aleatórios de leitura da memória do fenômeno do autofluxo. Nem intuitivamente é
capaz de dar direção a ideias, pensamentos, metas e projetos.
Pessoas com o Eu flutuante não exercem sua capacidade de escolha. Não têm
autonomia, ideias próprias, diretriz intelectual. Num momento, têm uma opinião;
no seguinte, influenciadas por outros ou pelo ambiente, mudam-na com facilidade.
Num período, sonham com algo; noutro, quando surge o calor dos problemas,
desistem e mudam de direção.
O Eu flutuante, por ser instável, desestabiliza a própria emoção, tornando-a
volúvel, flutuante. Por isso, pessoas com este Eu estão alegres num período e,
noutro, entristecidas. De manhã, motivadas; à tarde, sem energia; e, à noite,
querem dormir, pois perdem o “pique”. Num momento, são afetivas; noutro,
irritadiças e até agressivas. Executivos flutuantes levam seus colaboradores a pisar
em ovos. Em casos extremos, levam-nos a contrair a espontaneidade, a
criatividade e o prazer de trabalhar na empresa, pois estes nunca sabem como
estará o humor do chefe.
Pessoas com um Eu flutuante causam transtorno nas próprias relações,
perturbam a tranquilidade e o prazer do parceiro(a), de filhos, de amigos Gerenciar o humor e adquirir estabilidade emocional são metas fundamentais para
quem tem um Eu flutuante.
Eu engessado
São as pessoas que não libertam o fenômeno do autofluxo e, consequentemente,
contraem seu imaginário e sua criatividade. Seu Eu é rígido, fechado, inflexível.
Elas têm grande potencial criativo, mas são seus próprios punidores, não sonham,
não se inspiram, têm pavor de ser abertas e pensar em outras possibilidades.
Vivem entediadas e entediando seus íntimos.
Um Eu engessado defende radicalmente seu partido político, suas convicções ou
sua religião e, portanto, não abre espaço para respeitar o diferente. Quem é radical
não está convencido do que crê, nem da sua religião, pois se estivesse não
precisaria usar pressão para se expressar. Por outro lado, também quem defende
radicalmente seu ateísmo é emocionalmente imaturo, pois precisa de coação para
dar relevância a suas convicções.
Um Eu engessado é mentalmente robotizado. Levanta sempre do mesmo modo,
faz as mesmas reclamações, dá as mesmas respostas, tem as mesmas atitudes
diante dos mesmos problemas. É uma pessoa encarcerada pela rotina. Tem, às
vezes, motivos de sobra para agradecer a vida, o trabalho, os filhos, mas chafurda
na lama da reclamação. Você conhece alguém assim?
Tais pessoas podem até ter sucesso “por fora”, mas são miseráveis por dentro.
Sua maior fonte de entretenimento está comprometida, empobrecida. Seu Eu tem
apreço em se ancorar em janelas killer que fomentam pessimismo, insatisfação,
irritabilidade. Treinar a capacidade de mudança quando necessário, pensar em
outras possibilidades, autocrítica e reconhecimento de nossa rigidez são atitudes
inteligentíssimas para retirar nosso engessamento mental.
Eu autossabotador
O Eu autossabotador não gere o processo de construção de pensamentos para
promover estabilidade e profundidade emocional. Por incrível que pareça, esse tipo
de Eu vai contra a liberdade, conspira contra seu prazer de viver, sua tranquilidade
e seu êxito profissional e social. Pessoas com Eu autossabotador são carrascos de
si mesmas. Um Eu com essas características precisa desesperadamente aprender a
ter um caso de amor com suas qualidades.
Milhares de mulheres com sobrepeso têm um Eu autossabotador. Elas fazem regime, lutam para emagrecer e, depois de muito esforço, obtêm êxito. Entretanto,
não mantêm o peso nem se jubilam com sua vitória, pois o fenômeno do autofluxo
se ancora em janelas killer, o que produz autopunição, e o Eu frágil submete-se a
essas zonas traumáticas e, consequentemente, não admite se sentir bem, feliz e
ser elogiado. O êxito as deixa tensas. Elas começam a sabotar seu regime, passam
a comer compulsivamente. Parece que só se sentem vivas se estão se punindo.
Frequentemente, desistem dos seus sonhos no meio do caminho.
O Eu autossabotador não sabe dar um choque de gestão no autofluxo, que, além
da autopunição, carrega fobias, obsessão, dependência, ciúme, inveja, raiva,
autoflagelo.
Uma pessoa autossabotadora da sua saúde emocional vive se aterrorizando, se
atormentando com fatos que ainda não aconteceram ou gravitando na órbita dos
problemas que já passaram, lamentando perdas, fracassos, injustiças.
Um Eu que sabota a própria felicidade pode ser ótimo para com os outros, mas é
péssimo para si. Pode ser tolerante com seus íntimos e amigos, mas implacável
consigo mesmo. Pode dar chances para os outros quando erram, mas raramente se
dá uma nova chance.
Um dos mais graves defeitos da personalidade de um Eu autossabotador é a
autocobrança. Como, infelizmente, grande parte das pessoas tem essa
característica doentia, vou reiterar o que já disse. Quem cobra demais de si retira o
oxigênio da própria liberdade, asfixia sua criatividade e, o que é pior, estimula o
registro automático da memória a produzir janelas killer toda vez que falha,
tropeça, claudica ou não corresponde a suas altíssimas expectativas.
Um importante alerta: uma das mais graves consequências de quem cobra
excessivamente de si mesmo é aumentar os níveis de exigência, o que o impede
de relaxar, sentir-se realizado, satisfeito, feliz. Quem faz muito do pouco é muito
mais estável e saudável do que quem precisa de muito para sentir migalhas de
prazer.
O Eu autossabotador faz que muitos profissionais de sucesso tenham grave
insucesso emocional. Eles sabotam suas férias, seus finais de semana, seus
feriados, seu sono, seus sonhos.
Eu acelerado
Ao Eu acelerado pertence o imenso grupo de pessoas em todo o mundo, em todas
as sociedades modernas, de crianças a idosos, que se entulham de informações, atividades e preocupações. E, consequentemente, excitam o fenômeno do
autofluxo a produzir pensamentos numa velocidade nunca vista, gerando, portanto,
a Síndrome do Pensamento Acelerado.
A SPA tornou-se o mal do século, gerando péssima qualidade de vida,
insatisfação crônica, retração da criatividade, doenças psicossomáticas, transtornos
nas relações interpessoais e, em destaque, transtornos na relação do Eu consigo
mesmo.

Funções do Eu como gestor dos pensamentos

Funções do Eu como gestor dos pensamentos
I - Autoconhecer, mapear suas mazelas psíquicas e superar a necessidade
neurótica de ser perfeito.
II - Ter consciência crítica e exercer a arte da dúvida sobre tudo o que o controla,
em especial as falsas crenças.
III - Ser autônomo, aprender a ter opinião própria e fazer escolhas, mas saber
que todas as escolhas implicam perdas.
IV - Ter identidade psíquica e social e superar a necessidade neurótica de poder.
V - Gerenciar os pensamentos e qualificá-los para não ser escravo das ideias que
ruminam o passado ou antecipam o futuro.
VI - Qualificar as imagens mentais e libertar o imaginário para ser inteligente nos
focos de tensão.
VII - Gerenciar a emoção, protegê-la como a mais excelente propriedade e filtrar
estímulos estressantes.
VIII - Superar a necessidade neurótica de mudar o outro (ninguém muda
ninguém) e aprender a contribuir com ele, surpreendendo-o.
IX - Criar pontes sociais: saber que toda mente é um cofre, que não há mentes
impenetráveis, mas chaves erradas.
X - Aprender a dialogar e transferir o capital das experiências, e não apenas
comentar o trivial ou ser um manual de regras. Quem é apenas um manual de
regras está apto a lidar com máquinas, e não a formar pensadores.
XI - Reciclar influências genéticas instintivas (raiva, punição, agressividade,
competição predatória) que nos tornam Homo bios para enriquecer o Homo
sapiens.
XII - Reciclar a influência do sistema social que nos torna meros números no
tecido social, e não seres humanos complexos.
XIII - Reeditar as janelas killer, sabendo que deletar a memória é uma tarefa
impossível.
XIV - Fazer a mesa-redonda com os “fantasmas” mentais para construir janelas
paralelas ao redor do núcleo traumático ou killer.
XV - Pensar antes de reagir e raciocinar multifocalmente; não ser escravo das
respostas, mas em primeiro lugar ser fiel à própria consciência.
XVI - Colocar-se no lugar do outro para interpretá-lo com maior justiça a partir
dele mesmo.
XVII - Desenvolver altruísmo, solidariedade e tolerância, inclusive consigo
mesmo.
XVIII - Desenvolver resiliência: trabalhar perdas e frustrações e reciclar o
conformismo e a autopiedade.
XIX - Gerenciar a lei do menor e do maior esforço; saber que a mente humana
tende a seguir o caminho mais curto, como julgar, excluir, negar, eliminar (lei do
esforço menor), mas a maturidade recomenda o caminho mais inteligente e
elaborado (lei do esforço maior).
XX - Pensar como humanidade, e não apenas como grupo social, nacional,
cultural, religioso.
XXI - Dar choque de gestão no fenômeno do autofluxo. Deixá-lo livre desde que
ele não se ancore em janelas killer ou acelere a construção de pensamentos.
XXII - Gerenciar a SPA para não ser uma máquina de pensar e de gastar energia
cerebral inútil.
XXIII - Dar um choque de gestão no pacto entre o gatilho da memória e as
janelas da memória.
XXIV - Aprender a não ser vítima da Síndrome do Circuito Fechado da Memória e
do fenômeno ação-reação.
XXV - Educar-se com todas as 24 funções mais complexas da inteligência citadas
acima para desenvolver a mais notável delas: ser o autor da própria história ou
gestor da sua mente.

O fenômeno do autofluxo e o Eu

O fenômeno do autofluxo e o Eu
Autofluxo é um fenômeno inconsciente de inigualável importância para o intelecto
humano. O Eu faz uma leitura lógica, dirigida e programada da memória, ainda que
algumas vezes seja distorcida e destituída de profundidade. A leitura do autofluxo é
diferente da do Eu. O autofluxo faz uma varredura inconsciente, aleatória, não
programada dos mais diversos campos da memória, produzindo pensamentos,
imagens mentais, ideias, fantasias, desejos e emoções. E um dos grandes objetivos
desse fenômeno inconsciente é produzir a maior fonte de entretenimento,
distração, motivação e inspiração do Homo sapiens.
Não entrarei em detalhes aqui, mas, além de gerar a maior fonte de
entretenimento humano, o autofluxo tem outra função vital: ler e retroalimentar as
janelas da memória desde o útero materno a fim de armazenar milhões de dados
para o desenvolvimento do pensamento na primeira infância. Freud foi quem
descobriu o inconsciente ou, pelo menos, foi o primeiro grande porta-voz da
existência do inconsciente. No entanto, ele não teve a oportunidade de estudar o
mais notável dos fenômenos inconscientes, o autofluxo, sua riquíssima
operacionalidade e seus papéis fundamentais. Freud discorreu sobre o princípio do
prazer como mola mestra da movimentação do psiquismo. Dos bebês aos idosos,
todos são famintos de prazer, mas a maior fonte de prazer é ou deveria ser o
fenômeno do autofluxo. Quando essa fonte falha, as consequências são sérias, e
um estado de infelicidade inexplicável surge no cenário psíquico.
Como fonte interna ou intrapsíquica de lazer, o fenômeno do autofluxo leva-nos
diariamente a ser viajantes em nosso imaginário, sem compromisso com o ponto
de partida, a trajetória e o ponto de chegada. Todo dia, cada ser humano “ganha”
vários “bilhetes” para viajar pelos seus pensamentos, suas fantasias, penetrando
em seu passado e especulando sobre seu futuro.

Tipos de janelas da memória

Tipos de janelas da memória
Janelas neutras, killer e light
Janelas neutras
Correspondem a mais de 90% de todas as áreas da memória. Contêm milhões de
informações “neutras”, em tese, sem conteúdo emocional, tais como números,
endereços, telefones, informações escolares, dados corriqueiros, conhecimentos
profissionais.
Todas as informações existenciais registradas no córtex cerebral, desde a aurora
da vida fetal até o último fôlego, estão nessas janelas. Devemos então fazer uma
pergunta: essas informações acumuladas são apagadas ou substituídas
espontaneamente com o tempo?
É difícil dizer se são substituídas ou ficam inacessíveis. Como o fenômeno
Registro Automático da Memória arquiva milhares de informações por dia, milhões
por ano, é factível que uma parte seja necessariamente substituída. O “passado” é
reorganizado pelo “presente”, o “fui” pelo “sou”. Mas, muito provavelmente,
milhões de dados do passado, organizados eletronicamente nas células do córtex
cerebral, ficam arquivados não no centro consciente, que chamo de Memória de
Uso Contínuo (MUC), e sim na imensa periferia da memória, que chamo de
Memória Existencial (ME).
Tenho segurança em dizer isso porque, quando uma pessoa atravessa uma
degeneração cerebral, como o mal de Alzheimer, áreas importantes da MUC são
desorganizadas ou apagadas. E, ao mesmo tempo que ocorre esse acidente
intelectual, liberta-se o acesso a informações antes “quase” inacessíveis, como as
da primeira infância, o que leva o paciente a ter recordações e atitudes inerentes a
esse período.

Janelas killer
Correspondem a todas as áreas da memória que têm conteúdo emocional
angustiante, fóbico, tenso, depressivo, compulsivo. São as janelas traumáticas ou
zonas de conflito. Killer, em inglês, significa “assassino”. Assim, como o próprio
nome diz, são janelas que assassinam não o corpo, mas o acesso à leitura de
inúmeras outras janelas da memória, dificultando ou bloqueando respostas
inteligentes em situações estressantes.
Quando o gatilho encontra tais janelas – uma janela fóbica, por exemplo –, por
mais absurdo que seja o objeto fóbico (um beija-flor ou uma borboleta), o volume
de tensão é tão grande que bloqueia o acesso a milhares de janelas, fazendo que o
Eu seja prisioneiro dentro de si mesmo, incapaz de dar uma resposta lógica. Por
isso, mesmo intelectuais, quando estão sob um ataque de pânico ou outra fobia,
ficam irreconhecíveis, têm reação desproporcional, incoerente e ilógica.
Janelas killer são janelas que controlam, amordaçam, asfixiam a liderança do Eu.
Há vários subtipos de janelas killer, como as janelas do mau humor, ciúme, raiva,
pessimismo, impulsividade, alienação, fobias, excesso de autoconfiança e
dependência.
Algumas janelas não são apenas traumáticas, são estruturais ou “duplo P” e
sequestram o Eu do sujeito. Duplo P quer dizer duplo poder: poder de encarcerar o
Eu e poder de expandir a própria janela ou a zona de conflito; em outras palavras,
o poder de adoecer o ser humano. As janelas killer duplo P são construídas a partir
de estímulos intensamente estressantes, como traição, humilhação pública,
ataques de pânico, falência financeira.
Devemos nos mapear e perguntar quais são as janelas killer mais importantes
que furtam nossa tranquilidade, nosso prazer de viver, nossa saúde emocional,
nossa criatividade, nosso autocontrole. Devemos fazer incursões com coragem em
nossa psique e indagar se temos janelas killer duplo P que amordaçam nosso Eu e
asfixiam nossas habilidades emocionais e intelectuais. Todos devemos saber que
não é possível deletar as janelas killer, mas é possível reescrevê-las.
Janelas light
Correspondem a todas as áreas de leitura que contêm prazer, serenidade,
tranquilidade, generosidade, flexibilidade, sensibilidade, coerência, ponderação,
apoio, exemplos saudáveis. As janelas light, como seu significado em inglês (luz,
acender) indica, “iluminam” o Eu para o desenvolvimento das funções mais
complexas da inteligência: capacidade de pensar antes de reagir, colocar-se no
lugar do outro, resiliência, criatividade, raciocínio complexo, encorajamento,
determinação, habilidade de recomeçar, proteger a emoção, gerenciar
pensamentos.

5 motivos que fazem você procrastinar

5 motivos que fazem você procrastinar

Saiba as razões que levam ao hábito e como superá-las

"A procrastinação pode ser causada por uma sensação de confiança. Você acredita que algo não é urgente e acaba adiando"
Você sempre deixa tudo para a última hora, evita tomar decisões importantes e vive adiando compromissos? Não se preocupe, você não está sozinho. A procrastinação é um problema na vida de muitas pessoas, hoje. E para largar esse hábito, primeiro é preciso saber os motivos por trás dele.
O site Fast Company conversou com o escritor Sebastian Bailey, autor do livro Mind Gym: Achieve More By Thinking Differently (em português, algo como Academia da Mente: Realize mais pensando diferente), que explicou as razões que nos fazem procrastinar e apontou maneiras de superá-las. Confira abaixo:
1. Sensação de confiança
A procrastinação pode ser causada por uma sensação de confiança. Você acredita que algo não é urgente e acaba adiando. É o caso de quem sempre adia aquela visita de checkup ao dentista, por exemplo. Claro, como toda procrastinação, pode levar a maus resultados: sem a consulta preventiva, você pode gastar muito tempo depois tendo que lidar com
2. Evitar o desconforto
Outra razão que nos leva a procrastinar é achar que a tarefa será dolorosa, como pedir demissão ou acabar um relacionamento. "Em vez de entrar em uma situação confortável que levará a um final mais feliz, ficamos em posições desconfortáveis. O desconforto antecipado impede você de agir", afirma o especialista Sebastian Bailey.
3. Medo de fracassar
As pessoas também procrastinam quando se trata de algo muito importante, como lançar um novo negócio ou tomar uma grande decisão. Segundo Bailey, o medo do fracasso pode levar a preocupações irracionais. Alguém prestes a abrir uma empresa, por exemplo, pode acreditar que se seu negócio não der certo, sua família não conseguirá pagar o aluguel nem terá dinheiro para se alimentar. Fantasias assim, causadas pelo medo, podem impedir você de agir.
4. Barreiras emocionais
Depois de um longo dia de trabalho, você chegou em casa querendo dormir, mas estava tão cansado para arrumar a cama e trocar de roupa que acabou ficando acordado até tarde. Já aconteceu com você? De acordo com Bailey, é uma situação comum. Às vezes, estar muito estressado, animado ou cansado pode fazer com que você evite sair do lugar.
5. A ilusão da falta de tempo
Você pode achar que não está procrastinando e que apenas não tem tempo para completar alguma tarefa porque está "muitíssimo ocupado", mas não se engane: se você estiver adiando algo importante, é procrastinação. E do tipo perigoso, porque é fácil de acreditar que se está progredindo ao dar atenção a outras coisas.

Como parar de procrastinar

Agora que você já sabe porque procrastina, está na hora de tentar maneiras para livrar-se do hábito. Claro, não existe exatamente uma receita mágica, e é importante que você não se deixe entrar no "piloto automático" para não cair no costume. Essas dicas podem ajudar:
1. Comece com cinco minutos
Se o seu problema é começar, comprometa-se a trabalhar em sua tarefa por pelo menos cinco minutos. Você pode usar o cronômetro do celular e marcar o tempo. Depois dos cinco minutos, escolha se quer continuar ou não. Essa pode técnica funcionar para quem tem barreiras emocionais ou medo do fracasso, já que a ideia dos poucos minutos não intimida. Uma vez que você inicia o trabalho, entra no ritmo e supera os impedimentos.
2. Elabore punições para si mesmo
Essa técnica é boa para quem é fã de evitar o desconforto ou adia tarefas que não são urgentes. Decida uma punição que você receberá caso não cumpra com alguma tarefa. Deve ser alguma coisa que estimule você a agir. Você pode, por exemplo, escrever um cheque para o time de futebol que odeia passar a um amigo, pedindo a ele para depositar caso você não complete a meta estabelecida. Será difícil permanecer inativo se houver consequências.
3. Crie novos processos
 Outra solução é colocar as tarefas temidas em novos contextos, criando um novo processo para lidar com elas. Você pode estabelecer deadlines para seus trabalhos ou compromissos, ou dias temáticos para seus projetos pendentes. Você pode escolher a sexta feira, por exemplo, como o dia de pagar contas, ou a segunda como o dia de responder todos os emails.

Procrastinação: 6 maneiras de acabar cientificamente com ela!

Procrastinação: 6 maneiras de acabar cientificamente com ela!

Publicado em 30.06.2013
procrastinação
Todo mundo tem que lidar, uma hora ou outra, com a procrastinação. É difícil colocar muita culpa em nós mesmos, porém, já que a internet oferece uma quantidade ilimitada de alternativas para escolhermos ao invés do nosso trabalho. Sendo esse obviamente o caso…

Confira algumas maneiras comprovadas de combater a procrastinação:

6. Aprenda a se comprometer

Lembra de seus dias de faculdade, nos quais praticamente todo mundo se gabava de ter ficado milagrosamente acordado a noite toda para estudar? Mas deixar para última hora e estudar ou trabalhar a noite inteira está longe do ideal em termos da qualidade do que é produzido.
De acordo com um estudo sobre a procrastinação, a atitude é inspirada no fato de que não há nenhuma maneira de “sair”. Melhor ainda, este sentimento pode ser controlado (sem preocupação e paranoia) pelo fato da pessoa se “pré-comprometer” à tarefa antes de iniciá-la. Existem algumas maneiras de fazer isso, dependendo da gravidade de sua letargia.
Uma das alternativas mais extremas é um aplicativo chamado StickK, que permite que você se comprometa a um objetivo que você deve concluir em um prazo determinado. Antes que você possa definir a meta, no entanto, é preciso estabelecer uma quantia em dinheiro, e se você perder o seu prazo, esse dinheiro fica bloqueado e é doado para uma instituição de caridade que você odeia. Você pode selecionar outras opções e não ter que colocar dinheiro na brincadeira, mas daí, é claro, sua motivação vai por água abaixo.
Outras formas menos dramáticas para alcançar um efeito similar é anotar quando e onde você vai completar uma tarefa (alunos que fazem isso são muito mais propensos a completar tarefas), ou tornar seu compromisso público através da partilha de seu plano com um amigo (por exemplo, enviar um e-mail dizendo “Minha parte do trabalho estará pronta amanhã às cinco horas”). Leva em conta um tempo para emergências, mas não se dê uma semana para terminar uma tarefa quando você realmente precisa de um ou dois dias, no máximo.

5. Defina micro e macro metas

A motivação é importante para alcançar objetivos, bem como os planos que você constrói para chegar lá. Em um estudo surpreendente sobre motivação, pesquisadores descobriram que o pensamento abstrato sobre os objetivos pode realmente ajudar na hora da disciplina. No sentido mais básico, “sonhar grande” não é um mau conselho (embora precise ser balanceado).
A criação de planos grandiosos pode intimidar as pessoas e elevar suas expectativas. Para que elas não precisem parar de sonhar grande, a melhor maneira de encontrar um equilíbrio é simplesmente definir “macro metas” e “micro quotas”. Seus objetivos devem ser as coisas que você espera conseguir, e suas quotas as coisas pequenas que têm que ser feitas todos os dias para que as maiores aconteçam.
Por exemplo, o escritor/designer Nathan Barry forçou-se a escrever mil palavras por dia, fizesse chuva ou fizesse sol, para conseguir autopublicar seus três livros. A quota era acessível e tornou o objetivo possível.
Basicamente, quotas o ajudam a fazer um pouco de cada vez. Começar por baixo garante um começo em primeiro lugar, e, mais para frente, a realização de seus objetivos maiores.

4. Se organize

Pesquisas mostram que a “paralisia da análise” é uma das principais causas da procrastinação. Não saber o que fazer é muitas vezes pior do que o trabalho em si. É por isso que você deve sempre se esforçar para se organizar com novos compromissos, especialmente em termos de como você começará cada um de seus dias.
Na noite anterior, crie uma simples lista de tarefas (esqueça aplicativos, vá de papel e caneta) consistindo de três grandes coisas que você quer prontas no dia seguinte. Mantenha essa lista ao alcance, em sua mesa ou bolsa. Com uma lista clara do que trabalhar hoje, você não terá que repassar mentalmente uma longa lista de obrigações que devem ser cumpridas “algum dia”.

3. Técnica do redirecionamento

Ser muito duro consigo mesmo por procrastinar não é saudável. Na verdade, um estudo mostra que a autoculpa é definitivamente contraprodutiva. A pesquisa analisou os hábitos para estudar em particular, e concluiu que o “perdão permite que o indivíduo supere seu comportamento mal adaptado e se concentre no próximo exame, sem a carga de atos passados para dificultar o estudo”.
Agora, isso não significa que você deve desistir, mas sim que você não deve deixar o fato de que você não quer fazer algo fazer você se sentir mal. Em vez disso, você deve tentar redirecionar sua procrastinação em algo produtivo.
Por exemplo, quando não estiver conseguindo escrever, faça pequenas tarefas que ainda precisam ser feitas, como responder e-mails. A técnica não é à prova de falhas, mas pode deixá-lo com mais vontade de trabalhar durante aqueles períodos que você realmente tem que terminar algo.
Mas pesquisas também sublinham que é importante avaliar cada tarefa para garantir que você não esteja se engajando em comportamento “automático”.
Muitas vezes, nosso comportamento é robótico. Nós fazemos coisas porque não pensamos realmente sobre elas, porque é um hábito ou estamos copiando inconscientemente outras pessoas. Este tipo de comportamento pode ser um inimigo do verdadeiro objetivo. Pergunte-se se o que você está fazendo está realmente o deixando mais perto de seu objetivo.
Enquanto a tarefa para a qual você está redirecionando ainda for relevante para seus objetivos, digamos, terminar algumas edições em vez de criar um novo artigo, não há problema em perdoar a si mesmo e redirecionar o seu comportamento.

2. Conheça os quatro pilares da procrastinação

De acordo com um estudo acadêmico, parece haver quatro pilares da procrastinação que influenciam a população em geral. Identificar qual deles está te impedindo de fazer uma determinada tarefa pode ser útil para superar a barreira inicial de começá-la – que é a parte mais difícil.
  • Tarefa de baixo valor: Quando consideramos uma tarefa desagradável ou chata, ou pouco importante para nosso objetivo final, podemos tentar transformá-la em mais agradável para poder concluí-la, como, por exemplo, escrever um projeto sentado no seu café preferido tomando seu drink preferido. Ou você pode adicionar elementos artificiais, tais como prazos “sem volta”, como os mencionados acima que envolvem dinheiro.
  • Personalidade: Infelizmente, a personalidade desempenha um papel na procrastinação. Algumas pessoas são mais impulsivas do que outras. A vantagem é que, embora seja difícil de controlar a personalidade, é muito mais fácil controlar o ambiente. Por exemplo, se você está de dieta, pode esconder as comidas gordurosas que você não deve comer. Você certamente desistirá de comer uma coisa ou outra se elas não estiverem na sua frente. Se precisar terminar algum trabalho, bloqueie todas as distrações, vá para locais tranquilos (como a biblioteca) e restrinja o desperdício de tempo, usando ferramentas como StayFocusd, que bloqueiam sites que certamente lhe farão procrastinar.
  • Expectativas: Se você espera completar uma tarefa facilmente, então é menos provável que você procrastine. Este pilar é um pouco mais difícil de “burlar”, mas o melhor truque é simplesmente perceber que o primeiro passo é muitas vezes o mais difícil psicologicamente. “Fazer” será muito menos terrível do que imaginamos que será, por isso, se pudermos dedicar pelo menos 5 minutos para tentar algo, podemos ver no que vai dar.
  • Medo de falhar: O medo do fracasso é uma coisa real para muitos procrastinadores. Este pilar tem realmente a ver com estar confiante em suas habilidades. A dica aqui é: tente. Você já tem o não; se tentar e continuar com o não, dá na mesma. Mas é só se você tentar que pode conseguir um sim.

1. Tenha o tipo “certo” de fantasia

Fantasias sobre o futuro são geralmente boas. Mas fantasia em excesso é uma assassina de metas e uma enorme razão para as pessoas procrastinarem (em combinação com perfeccionismo). De acordo com um estudo sobre motivação e fantasias, quando você pensa muito grande pode estar sabotando objetivos reais já obtidos.
Pesquisadores testaram o quão comum eram fantasias sobre o futuro em participantes, e acompanharam seu desempenho em uma série de categorias.
Os participantes estavam à procura de um emprego. Aqueles que passaram mais tempo sonhando com a obtenção de um emprego tiveram um desempenho pior. Dois anos depois de sair da faculdade, os sonhadores tinham se inscrito para menos vagas de trabalho, recebido menos ofertas, e, se estavam trabalhando, tinham salários mais baixos.
Visualizações positivas podem ser motivadoras e inspirar as pessoas, no entanto. O erro está no que nós visualizamos. Os pesquisadores descobriram que os participantes que se envolveram em visualizações que incluíam o que precisava ser feito para alcançar seu objetivo (por exemplo, sonhar com a aprendizagem de outra língua, e visualizar-se praticando todos os dias depois do trabalho) eram mais propensos a superar seus colegas.
A visualização do processo funciona porque ajuda a chamar a atenção sobre os passos necessários para atingir sua meta e reduzem a ansiedade. Então não se preocupe com seus sonhos, apenas certifique-se que você não está se focando na recompensa sem pensar nos passos necessários para que ela venha.

Bônus: Deixe para lá

Para muitos de nós, a procrastinação vem de uma sobrecarga de obrigações. Nossa capacidade de dizer “não” a coisas que não estão realmente nos movendo em direção a nossas metas é uma habilidade difícil de aprender, mas quando estamos sufocados sob um monte de tarefas sem sentido, é necessário adquiri-la. Produtividade requer eliminação radical. Pode parecer egoísta, mas você tem que cuidar de si mesmo para que você possa cuidar de qualquer outra coisa ou pessoa.[LifeHacker]

13 sinais que cientificamente comprovam que você está apaixonado

Técnicas para se disciplinar

Técnicas para se disciplinar

Veja dicas de especialistas para organizar seu tempo e suas prioridades
por admin
A autodisciplina é o caminho para o sucesso profissional e pessoal. Para aprender como desenvolvê-la, siga as dicas do especialista Daniel Carvalho Luz, professor do curso de pós-graduação em Administração de Recursos Humanos da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP):
- Primeiramente, reflita: Quanto de seu tempo você tem dedicado a atividades regulares ou disciplinadas? Você tem praticado exercícios físicos com freqüência, pelo menos? E na última semana, fez algo que visasse seu crescimento profissional? Separou parte de sua renda à poupança ou a algum investimento? Se você está deixando essas coisas de lado, não dando importância ou apenas dizendo a si mesmo que realizará tudo "mais tarde", a autodisciplina está precisando seriamente ser trabalhada.
- Aprenda a valorizar e a organizar seu tempo. Esse é um dos princípios básicos das pessoas autodisciplinadas. Vivemos em função do tempo; portanto, faça com que ele fique a seu favor. Isso só acontece quando você controla seus horários e estipula os períodos em que fará cada coisa que precisa fazer. Assim, você não estará subordinada ao tempo - e sim ele a você.
- Gerencie, também, suas contas. Se você está sempre se afogando em dívidas, algo está errado. E para se livrar disso, só mesmo um "choque" de autodisciplina. Tentar organizar as finanças, aprendendo a ter cautela nas compras, anotando e fazendo planilhas de gastos e controlando o orçamento é essencial para o início de um relacionamento saudável e disciplinado com o dinheiro.
Teste: Você sabe lidar com o dinheiro?
- Estabeleça prioridades. Mesmo que você precise fazer mil coisas ao mesmo tempo, tente formar uma ordem ou hierarquizar blocos de tarefas para não se perder. Centralize seu trabalho no que é mais importante e naquilo que possivelmente gerará mais resultados. Mais do que isso: pense em duas ou três áreas de sua vida que considera as mais importantes. Defina o tipo de disciplina que precisa desenvolver para continuar melhorando em cada área e elabore um plano para que essas ações adquiram periodicidade.
- Enfrente e elimine qualquer tendência de apresentar "desculpas" para suas falhas e fracassos. Se você apresenta um monte de razões para justificar a falta de disciplina, observe que elas não passam de desculpas. Se deseja progredir, você precisa enfrentá-las, consertar os erros. Anote os motivos pelos quais você não foi capaz de cumprir o que pretendia. Mesmo que um motivo pareça legítimo, encontre uma solução para superá-lo. "Só a disciplina é capaz de permitir que você obtenha o poder de realizar seus sonhos", reforça Daniel Luz.
- Mantenha a disciplina, mas cultive certa flexibilidade. Não seja refém de agendas e de compromissos que deixaram de agregar valor a sua vida.

Como adquirir disciplina?

Como adquirir disciplina?


De acordo com Jim Rohn a disciplina é a chave-mestra das realizações humanas. Abaixo ele ensina como adquir a tão sonhada disciplina:
Primeiro, é preciso que você desenvolva uma conscientização da importância da disciplina em sua vida.
Comece ao perguntar a si mesmo: “O que eu quero realizar em minha vida? Que mudanças preciso fazer para alcançar minhas metas?”
Segundo, pergunte-se honestamente: “ Estou disposto a fazer o que for preciso?” Se a resposta for “sim”, você precisará firmar um compromisso de longo prazo para manter sua disciplina de forma sábia, deliberada e consistente.
Finalmente, seu compromisso será testado quando surgirem circunstâncias que possam interferir em seu compromisso com a sua nova disciplina – quando tiver que executar, faça chuva ou faça sol.
Com certeza, a disciplina fará muito para você. Mas, mais importante ainda, é o que ela fará por você. Fará com que você se sinta espetacular para com si próprio.
Até mesmo a mínima disciplina pode ter efeito incrível sobre sua atitude. É o sentimento positivo que a acompanha – aquele sentimento crescente de auto valor que surge com o início de uma nova disciplina – é quase tão bom quanto o sentimento que surge com a execução da disciplina.
Uma nova disciplina muda imediatamente a direção de sua vida, como um navio que muda o rumo, no meio do oceano, e dirige-se a um novo destino.
Há aqueles que acreditam que a disciplina seja uma coisa artificial – que apenas ser já é suficiente. Eles acreditam que a necessidade de realizar seja um exercício neurótico, criado pelo homem. Mas o fato é que a disciplina coopera com a natureza – onde tudo e todos se empenham.
Até que altura cresce uma árvore? Ela combate a força poderosa da gravidade e continua tentando alcançar a luz do sol até tornar-se o mais alta possível. É verdade que este esforço da árvore não é um ato consciente – as árvores não tem cérebro. Mas você e eu recebemos a capacidade de conscientemente escolher lutar e tornar-nos tudo que pudermos ser.
A DISCIPLINA ATRAIA A OPORTUNIDADE. Ótimas oportunidades, em geral, surgem para as pessoas que desenvolveram habilidades e que têm a ambição de agir. E aquelas pessoas que, através da disciplina e compromisso, fixam metas altas, vão se apoderar de oportunidades que permanecem continuamente desapercebidas pelas almas mais tímidas.
A disciplina é aquele processo singular do pensamento e da atividade inteligente, que coloca uma tampa no temperamentalismo e uma torneira na cortesia… que desenvolve ação positiva e controla os pensamentos negativos… que incentiva o SUCESSO e recusa a aceitação do fracasso… que promove a saúde e reprime a doença.
Todos podem começar o processo de disciplina. Você pode faze-lo por etapas, um passo de cada vez.
A boa nova é que… VOCÊ PODE COMEÇAR HOJE!
Não diga “Se eu pudesse, faria.” Em vez disso, diga: “ Se eu quisesse, poderia… Se quero, posso!”
Desse modo, inicie o novo processo e inicie aos poucos. E, depois, aprenda a perseverar em seu novo compromisso. A partir desse início aparentemente insignificante, você aprenderá como é ser disciplinado. E a partir daí, o céu é o limite.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

O QUE FAZER QUANDO ALGUÉM ESTÁ SURTANDO?

O QUE FAZER QUANDO ALGUÉM ESTÁ SURTANDO?


* Por Frederico Mattos, psicólogo individual e de casal
Surtos não acontecem apenas em episódios psicóticos com transtornos mentais delicados como a esquizofrenia, personalidade borderline, fase de mania bipolar ou induzido por substâncias. O surto comum é toda fixação exagerada num conteúdo emocional que impede a pessoa de olhar para o que está ocorrendo globalmente e a aprisiona nesta sensação interna. É um fechamento num estado crítico e perturbador que faz alguém acreditar que algo é mais perigoso ou grave do que de fato é.
Muitos me perguntam como ajudar uma pessoa nessa situação, seja num surto real (transtorno mental ou induzido por álcool e droga); num abalo pós-traumático (assalto, morte de ente querido, perda de emprego); ou simplesmente quando alguém fica paralisada numa emoção de raiva ou medo. Determinadas posturas podem ajudar a desarmar a bomba-relógio, seja numa conversa de casal, ambiente profissional, familiar ou espaço público.
Cisne Negro, filme que retrata o surto de uma bailarina
Cisne Negro, filme que retrata o surto de uma bailarina perfeccionista
Fisicamente



  • Afaste-a de lugares com pessoas
Alguém em surto pode se comportar como uma bolinha de pebolim ricocheteando por onde passa, portanto, quanto menos estímulo ou intervenção de várias pessoas melhor; diminui o risco de ter que administrar outras pessoas surtando junto. Desequilíbrio evoca desequilíbrio.
  • Crie uma sinergia corporal e vá diminuindo sua postura
Seja um espelho positivo: induza a pessoa a fisicamente entrar num movimento mais sereno, quase como se estivesse colocando-a para dormir. A ideia é induzi-la a um estado mais próximo do sono, como se fosse tirar da tomada o aparelho que está dando tilt. Fique calmo de modo que isso diminua o ritmo do outro, você é o porta-voz da tranquilidade da pessoa, então desacelere; seja ágil, mas não agitado.
  • Olhe nos olhos
Procure fazer contato visual. Olhos são a parte mais íntima de conexão corporal e isso nos traz para o presente. Somente se a pessoa estiver paranoica e achando que todos estão contra ela, nessa hora é melhor olhar indiretamente, pois o olhar direto pode ser muito confrontador.
  • Ajude a sentar
Diminuir a energia do surtado aos poucos é um caminho, mas não a force a sentar: sente-se primeiro e aja como espelho.
  • Traga água
Se a pessoa estiver agitada só emocionalmente traga água, esse é um elemento que refresca e torna a experiência mais aconchegante, além de ser algo que circula no corpo dela.
  • Respire com ela
Foque nas respirações da pessoa e sua. Crie uma sinergia de inspiração e expiração e vá lentamente diminuindo o seu ritmo. Eventualmente puxe o ar mais profundamente para ela notar a respiração dela ao ver você fazendo o mesmo. Em momentos de crise costumamos parar de respirar adequadamente.
  • Acaricie sua mão
O toque relembra nosso corpo e surtos costumam ser uma fixação mental num conteúdo perturbador. Mas, se isso a no começo for ruim, tire a mão e vá lentamente tocando novamente. É um jeito de dar concretude para o momento.
  • Impeça que fique perto de algo perigoso
Em pleno descontrole, é importante tirá-lo de qualquer lugar ou artefatos perigosos (objetos cortantes, janela, varanda, escadas). Quanto menos risco, menor a chance de a pessoa se machucar voluntariamente.
  • Localize-a geograficamente
Às vezes perdemos o senso de realidade quando estamos agitados. É importante lembrar a pessoa de onde ela está para trazer uma sensação amistosa de familiaridade.
  • Contenha fisicamente
Dependendo do tipo de agitação, uma alternativa pode ser conter a pessoa, mas nunca frontalmente de tal forma que ela machuque você. O ideal é fazer isso lateralmente, pois por trás pode gerar mais desconfiança. Um abraço de lado, deixando os braço chacoalharem por cima dos seus funciona. Seja firme sem estrangular, apenas para dar a sensação de abraço e aconchego caso ela queira desabar e chorar no chão. Quando a raiva der lugar à tristeza então o abraço tradicional ajuda.
Verbalmente
  • Fale baixo
Procure falar baixo para que a pessoa precise se esforçar a ouvir você. Não sussurre, isso é irritante. Apenas vá gradualmente diminuindo o tom de voz para mais grave e doce. Se puder sorrir levemente, isso ajuda.
  • Chame pelo nome
Repetir o nome de alguém em surto traz a sensação de personalização, lembra quem ela é, afinal, nosso nome é o código mais primitivo que reconhecemos, até quando ele não foi dito.
  • Evite dizer “fique calmo”
Na maior parte das vezes você diz isso para si, que também ficou desesperado. Para quem está agitado, soa como se a pessoa fosse incapaz de lidar consigo mesma. Ainda que seja verdade naquele momento, não ajuda a acalmar. Portanto, você precisa respirar e ficar calmo.
  • Traga para o presente com frases curtas
A comunicação precisa ser mais básica e primitiva, como se fosse infantil. Frases curtas e diretas ajudam o cérebro a decodificar melhor, já que está operando em baixa rotação.
  • Faça perguntas simples do tipo sim ou não
Se quer saber algo, não faça perguntas reflexivas ou complexas, apenas questões diretas que possam ser respondidas só com a cabeça. E não bombardeie; dê um tempo entre elas.
  • Conecte com objetos concretos
Se for um algo perigoso evite, mas se remeter à afetuosidade, até mesmo um animal de estimação, traga como um “talismã” no qual ela se agarre. Isso ajuda a transferir a sensação emocional ruim para o objeto.
Cognitivamente


  • Não queira explicar a lógica dos fatos
Evite filosofar. Durante o surto, provavelmente o sujeito não está concatenando ideias profundas; sua mente está presa a uma lógica de luta-fuga, simplista e pouco clara. Relações complexas de causa e efeito não ajudam.
  • Traduza a pessoa para ela mesma
Esta é uma das mais difíceis de fazer. São afirmações que verbalizam o que está acontecendo e confortam pela simplicidade e acolhimento do gesto. Não são deduções profundas, mas capturas de estados emocionais bem visíveis. Por exemplo: “Está tudo agitado, né” (mais uma afirmação do que uma pergunta), “está difícil até de falar”, “parece que não vai passar, né”, “muito medo, né”.
  • Não crie contrariedades, finja que concorda e lentamente a afaste do ponto original
Se for um surto falatório, não contrarie frontalmente, mas conduza indiretamente numa outra direção. Fale pouco, balance a cabeça, mova os seus olhos, sorria com eles, diminua o potencial das palavras dando menos contrapontos.
  • Fale de si mesmo
Em situações que a pessoa vê você como uma ameaça ou não é alguém que você conheça (seja um criminoso fora de si ou um estranho que invadiu sua casa ou ambiente de trabalho), crie uma imagem mental de quem você é. Uma imagem impessoal é mais fácil de agredir ou ameaçar, já uma pessoa com nome, família, história para se identificar é mais difícil. Não dê informações secretas, mas sim aquelas vitais para a pessoa saber que você ama e é amado, assim como ela.
  • Não critique
Não confronte a pessoa fora de si dando lições de moral – tática preferida dos moralistas. Nessas horas ninguém não precisa de mais pressão, culpa ou sentimento de inferioridade. Seja amistoso e apoie os pontos dela.
  • Evite consolos simplistas que instiguem raiva
Frases como “ele não te merece” ou “você não merece que façam isso com você” não ajudam em nada, só aumentam a sensação de que a pessoa é uma vítima que deve revidar. Numa situação de luto também não ajuda dizer que sabe o que o outro está passando ou que vai dar tudo certo, pois soa bobo e faz a pessoa a se irritar com você. Ofereça silêncio, seu corpo, seu ouvido, sua respiração em situações-limite.
  • Ofereça apoio emocional e aconchego
Tudo o que simbolize “estou aqui do seu lado”, “vamos enfrentar isso juntos”, “estou por perto se precisar”, uma xícara de chá, um doce, um mimo qualquer ajuda.
  • Esteja presente, sem distrações
Coloque seu celular de lado, por favor, antes, durante e depois do surto. Não há nada mais agressivo do que ignorar alguém se desapontando porque ela está surtada. O surto virá para o seu lado.
  • Evite tratá-lo como criança
O surtado está fora de si, mas você não precisa falar como se fosse um bebê, ainda que a pessoa esteja agindo como um. Fale como um adulto evocando o lado adulto da pessoa.
  • Não queira consertar a pessoa e assuma o seu limite
A pior postura é querer mudar o indivíduo naquele momento com um milagre psicológico de conversão pessoal. Aceite que aquela é uma situação crítica e seu único objetivo é trazer de volta, não convencê-lo de nada.
Se achar que a situação é mais grave, recorra a outra pessoa para ajudar ou a algum órgão oficial. Não se ache onipotente: entenda os seus limites e chame alguém (mais experiente ou especialista médico, psicológico, policial) que possa fazer melhor. Você pode ter saído do controle também.

ESSA PESSOA TIRA MINHA PAZ

“ESSA PESSOA TIRA MINHA PAZ!”

Posted 15 dias ago by 
 Quando ouço frases como essa, admito que dou uma risada interna e penso: “como alguém pode realmente acreditar que a outra é capaz de criar (ou tirar) um sentimento que já não estava lá esperando ser evocado?”. Explico meu raciocínio. Se sua sogra, cunhado, vizinho, chefe ou parceiro amoroso provoca sentimentos em você, é porque eles estão ali pré-existentes, aguardando o momento certo de eclodir. Não há uma injeção de raiva numa pessoa pacífica que fica raivosa pelo tom da voz de alguém e nem alguém que inocule o vírus da inveja em outra que de forma geral se sente feliz com a felicidade alheia.cachorro_e_gatoRelutamos em aceitar, mas somos mais volúveis do que pensamos e muito influenciáveis pelas ações dos outros. Em outras palavras, estamos mais reagindo do que agindo de modo geral. O tempo entre uma ação alheia, o processamento racional do que foi emitido e nossa reação é aquele espaço sagrado que diferencia uma pessoa sábia de uma criminosa. Nessa fração de segundos é que os condicionamentos surgem numa correnteza e nos levam a fazer o que sempre fizemos. Se você escreve com a mão direita terá o “instinto” (comportamento aprendido e incorporado) de agarrar tudo com a mão direita. Seu reflexo será prioritariamente com a mão direita. Não adianta pensar que, milagrosamente, sem esforço, treino ou dedicação começará a ser ambidestro ou canhoto. Com a personalidade ocorre o mesmo; então aquilo que você chama de “meu jeito de ser”, que surge quando alguém “tira sua paz”, só revela que sua paz era uma cobertura muito fina de controle até que você seja contrariado. A pessoa pacífica é aquela que cultiva uma mente aberta, não restritiva ou preconceituosa, que está disposta ao diálogo e ao entendimento mútuo. Quando provocada, por hábito ela não reagirá mal ou de forma bruta, pois não está condicionada à isso. Já a mente reativa, que adota o toma-lá-dá-cá agirá como um trem desgovernado porque é o que carrega consigo. Se o seu chefe, sogra, cunhado, parceiro amoroso provoca o que há de pior em você, é porque esse pior já existe pronto para sair do forno e só estava esperando um motivo moralmente justificado (na sua visão tendenciosa) para se manifestar. Sem segredo. Ninguém tira sua paz se ela existe de fato em você.

Maturidade emocional

Penso que a maturidade emocional se caracteriza pelo atingimento de um estado evolutivo no qual nos tornamos mais competentes para lidar com as dificuldades da vida e por isso mesmo com maior disponibilidade para usufruir de seus aspectos lúdicos e agradáveis.

Talvez a principal característica da pessoa madura esteja relacionada com o desenvolvimento de uma boa tolerância às inevitáveis frustrações e contrariedades a que todos nós estamos sujeitos. Tolerar bem frustrações não significa não sofrer com elas e muito menos não tratar de evita-las. A boa tolerância às dores da vida implica certa docilidade, capacidade de absorver os golpes e mais ou menos rapidamente se livrar da tristeza ou ressentimento que possa ter sido causado por aquilo que nos contrariou.

Pessoas maduras também se aborrecem com as frustrações, mas não “descarregam” sua raiva sobre terceiros que nada têm a ver com o que lhe ocorreu. Freud dizia que a maturidade se caracterizava pela substituição da raiva pela tristeza e penso que ele tinha razão. Acrescentei mais um ingrediente, qual seja, o de que devemos tratar de nos livrar da tristeza o mais depressa possível.

A maturidade emocional tem muito a ver com o que, hoje em dia, se chama de inteligência emocional (I.E.): competência para se relacionar com pessoas em todos os ambientes, habilidade para evitar conflitos desnecessários e até mesmo tentar harmonizar interesses e agir sempre em prol da construção de um clima positivo e agradável nos ambientes que frequenta. Assim, a pessoa mais amadurecida busca também a evolução moral, condição que a leva a agir de modo equânime, atribuindo a si e aos outros direitos e deveres iguais.

Pessoas com boa I.E. também agem com certa estabilidade de humor, de modo que não são criaturas “de lua”, aquelas que nunca se pode saber com antecipação em que estado de humor estarão. É claro que a estabilidade de humor não significa estar sempre alegre e feliz; o humor das pessoas mais equilibradas é proporcional ao que está lhes acontecendo, sendo que os momentos de tristeza são vividos com dignidade e classe.

As pessoas mais tolerantes a frustrações, moralmente mais bem desenvolvidas e de humor estável são capazes de despertar a confiança daqueles que com elas convivem. Assim, tornam-se bons parceiros sentimentais, bons amigos, sócios, colegas de trabalho…

A maturidade acaba vindo acompanhada de uma série de boas propriedades e elas são motivo de satisfação dos que foram capazes de avançar na direção de conquistá-la. É claro que o processo de evolução é interminável e jamais deveríamos nos considerar como um “produto acabado”; estar sempre progredindo tende a determinar um estado de alma positivo, um justo otimismo em relação ao futuro – sim, porque quem está crescendo pode esperar mais coisas boas para si lá adiante.

Outra característica da maturidade é o senso de responsabilidade sobre si mesmo, assim como o desenvolvimento de uma sólida disciplina: isso significa controle racional sobre todas as emoções, especialmente a preguiça. Uma razão forte também exerce controle e administra a inveja, os ciúmes, os anseios eróticos e românticos, assim como a raiva e a agressividade. Controlar não significa reprimir e muito menos sempre deixar de agir de acordo com as emoções; significa apenas que elas passam pelo crivo da razão e só se tornam ação quando por ela avalizadas. Esse é mais um motivo para que sejam criaturas confiáveis, uma vez que exercem adequado domínio sobre si mesmas.

Os mais evoluídos emocionalmente tentem a ser mais ousados e a buscar com determinação a realização de seus projetos. Têm menos medo dos eventuais – e inevitáveis – fracassos, pois se consideram suficientemente fortes para superar a dor derivada dos revezes. Ao contrário, aprendem com seus tombos, reconhecem onde erraram e seguem em frente com otimismo e coragem ainda maior. Costumam ter melhores resultados do que aqueles mais ponderados e comedidos, condição que não raramente esconde o medo do sofrimento próprio dos que enfrentam os riscos.

Finalmente, para que possamos viver com serenidade e alegria, temos que aceitar uma propriedade essencial da nossa condição: somos governados pelo que chamo de “princípio da incerteza”; ou seja, não sabemos responder as questões essenciais que caracterizam nossa existência: qual o sentido da vida, de onde viemos, para onde vamos, por quanto tempo estaremos aqui etc. É sobre esse solo de areia movediça que temos que construir nosso castelo e fazê-lo com otimismo e persistência mesmo sabendo que ele pode ruir a qualquer momento.

Como mudar os hábitos

Muitas pessoas dizem querer mudar, mas é só da boca para fora. Algumas se satisfazem em pensar e falar que “todo o mundo tem defeitos; eu também tenho os meus” como se isso as desobrigassem de batalhar para deixar de tê-los. A verdade é que as mudanças exigem grande determinação e disciplina, além de que o usual é que a pessoa tenha que passar por um período de privações ou de algum tipo de sofrimento e renúncia.

Os que desenvolveram certas fobias, medos irracionais que as impedem de andar em elevadores, aviões, transitar por estradas lotadas sem saídas colaterais, ir a eventos públicos onde há muita gente etc. certamente desejam se livrar delas. O entendimento das razões que as levaram a desenvolver esses medos não será suficiente para que se livrem deles: terão que enfrentá-los! Terão que passar pela difícil experiência de vivenciá-los, condição em que serão capazes de perceber que suas forças são maiores que os medos. Isso aumenta muito a autoestima daqueles que aceitam se submeter a esse sofrimento, de modo que costumam ocorrer vários outros avanços e benefícios pessoais derivados da vivência bem sucedida.

Muitas compulsões e vícios são difíceis de serem abandonados, uma vez que produzem importantes ganhos. No caso das compulsões, os benefícios costumam estar associados à redução da ansiedade e não raramente se acompanham de malefícios de monta. Os que desenvolveram o hábito de roer as unhas experimentam alívio da ansiedade ao repetir compulsivamente esse ritual em situações mais nervosas. O mesmo vale para os que aliviam suas tensões com chocolates ou outros alimentos em quantidade desnecessária. Nesse segundo caso, os malefícios são maiores e óbvios: engordam e isso os deprimem, o que gera uma tensão que pede mais alimentos. Os círculos viciosos são fáceis de serem diagnosticados e dificílimos de serem abandonados. Só mesmo graças a um claro entendimento e ao uso de todo o seu vigor intelectual que uma pessoa será capaz de superar esses hábitos arraigados e que pavimentam roteiros estáveis em nosso sistema nervoso, roteiros esses que tendem a se repetir com facilidade em qualquer momento de distração.

Se é dificílimo se livrar das compulsões, o que dizer dos vícios, processos em que os benefícios são intensos no curto prazo e os prejuízos só aparecerão mais adiante? Renunciar a um prazer imediato em benefício de um futuro melhor é propriedade típica das criaturas mais amadurecidas. Elas são capazes de obstinar e parar de fumar cigarros, de usar bebidas alcoólicas caso percebam que estão se prejudicando com isso; o mesmo vale para o uso de outras drogas, dos jogos de azar, do consumismo compulsivo etc.

Não é nada fácil aprender a dizer “não” mesmo quando esse é o melhor procedimento em todos os sentidos: para proteger os direitos legítimos de quem nega, para impedir o oportunismo de algum interlocutor, para educar os filhos dentro de limites que se considere os mais adequados. Se recusar a dar ou a fazer algo que desagrada ou trará malefícios a quem recebe é dever das pessoas do bem; porém, muitas são as que, por pena ou culpa, têm dificuldade em agir assim mesmo quando sabem de seu equívoco. Isso nos mostra mais uma de nossas facetas: temos divisões internas, partes que agem de acordo com determinados padrões e outras que, caso fossem majoritárias, agiriam de forma diferente. Parece mesmo que somos dotados de dois níveis diferentes de consciência, uma mais respeitadora dos valores oficiais da cultura e outra mais voltada para nossas mais íntimas e sinceras convicções. Não é raro que uma dessas consciências também seja fortemente influenciada por emoções, como as que já citei até aqui, quais sejam, o medo, a piedade, a culpa, além desses mecanismos neurológicos que tendem a perpetuar comportamentos que nem sempre estão em concordância com o que é melhor para nosso futuro.

É difícil para o generoso deixar de dar tanto e aprender a receber na mesma medida; é mais difícil ainda o egoísta conseguir crescer e se tornar autossuficiente, condição necessária para que possa abandonar as posturas através das quais precisa receber mais do que dá. É difícil para um homem superar suas dificuldades sexuais, especialmente porque a preocupação com o próprio desempenho acaba por gerar uma ansiedade associada ao encontro erótico, de modo que o que poderia ser extremamente agradável pode se tornar algo tormentoso. E assim por diante.

Tudo é difícil, mas possível. Tudo depende da força e determinação de quem efetivamente deseja se modificar. Quase sempre convém lançar mão de recursos terapêuticos disponíveis para aqueles que, menos arrogantes, aceitam receber a ajuda de quem conhece melhor os roteiros a serem percorridos no processo de se livrar das dificuldades que não são parte inevitável de nossa maneira de ser.

    Elieldo Mascera Santos

    Seja feliz!

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