terça-feira, 28 de outubro de 2014

Instabilidade, muito mais do que um transtorno de humor, pode ser de personalidade!

Grande parte de nós sonha como o saudoso Cazuza com a sorte de um amor tranquilo. Mas, nem sempre é assim, aqueles que se relacionam com parceiros instáveis emocionalmente, sabem bem do que estou falando… Mudanças bruscas de humor, discussões infundadas, temperamento intempestivo, junto a muita intensidade em todos os sentidos possíveis e imagináveis, podem elencar os bastidores do relacionamento e causar tanto ao protagonista da situação, quanto aos parceiros e familiares, muito sofrimento.
Esse conjunto de sintomas pode sugerir a existência de algum transtorno, e pasmem, não necessariamente estamos falando do popular Transtorno Bipolar de Humor (TBH). Podemos estar frente a frente ao Transtorno de Personalidade Limítrofe ou mais conhecido como Transtorno de Personalidade Borderline (TPB).
Ambos os transtornos apresentam oscilações de humor e por isso costumam confundir o diagnóstico. No Transtorno Bipolar temos a variação de humor bem marcada dentro de um ciclo, que poderá ser de dias, semanas ou até meses, obedecendo fatores internos. Importante frisarmos, que o que determina esta alteração não são os fatores externos, ou seja, independe do indivíduo passar por momentos difíceis ou não, essa polarização de humor ocorrerá. Manterá o humor maníaco enquanto durar a fase de mania (uma semana no mínimo) e manterá o humor depressivo, enquanto durar a fase depressiva (dois meses no mínimo). Já o Borderline apresentará uma variação de humor de acordo com os acontecimentos diários, diversas vezes em um só dia, levando em conta sua intolerância, que é marca registrada.
Borderline como o nome já diz é o que está à margem, a personalidade sem limites daquilo que transborda. A personalidade é o que define a nossa essência, se tratando de um transtorno de personalidade, temos como característica principal a dificuldade de se relacionar, em especial com as pessoas íntimas, humor reativo, intolerância às frustrações, o que gera muitos problemas, junto a comportamentos impulsivos e radicais. Borders são dotados de uma auto percepção distorcida, acompanhada de uma baixíssima autoestima, costuma dividir as pessoas a sua volta em dois grupos extremos, aqueles que são bons e aqueles que são maus, não há meio termo. Há tanta carência de uma personalidade, apontando um vazio interno tão intenso, que tomar o outro como referencial, passa a ser uma constante na ânsia de “existir”.
Nesta busca frenética do outro para legitimar-se, o Borderline tende a revelar-se sufocante e dependente. Frequentemente suas intensas relações, tendem ao desfecho mais temido, rompimentos, sensação de abandono e rejeição.  Nas amizades eventuais, Borders podem ser excelentes companhias, em razão da necessidade de aceitação, são divertidos, solícitos, sensíveis e amáveis. Agora, quando o relacionamento se estreita, tendem a manifestar comportamento possessivo, controlador, carente e muito ciumento. Afinal, para o Border o outro passa a ser uma Borders presas fáceis aos psicopatas que ao encontrarem mulheres sensíveis, vulneráveis e dependentes, usam e abusam de sua carência e fragilidade para seus interesses.
Tem-se dois tipos de Bordelines, o implosivo e explosivo. O primeiro não exterioriza o sofrimento, adotando hábitos autodestrutivos como alcoolismo, drogas e automutilação. O outro tipo, como já diz o nome, estoura em comportamentos impulsivos de muita ira, e depois, o desfecho é sempre o mesmo, arrependimento. Por serem 100% emocionais, quanto mais íntimos estiverem em um relacionamento, mais atenuados estarão os sintomas, e diante de tamanha disfuncionalidade, promoverão muito sofrimento tanto para si mesmos, quanto para aqueles com quem se relacionam.
O ponto desencadeador do Border será sempre a relação com o amor, aquele amor que transborda. Na adolescência onde se iniciará as primeiras experiências amorosas, que começará a aparecer os sintomas do transtorno, como o descontrole, surtos de raiva, dependência afetiva e muita intensidade nas relações. Quando não tratado, o portador do transtorno apresentará sempre, muita dificuldade de lidar com situações que envolvam rejeição.  A emoção do Border está sempre muito presa nos aspectos negativos dos afetos, por exemplo, pode ter se separado da esposa há mais de 15 anos e ainda se referir a ela com muita mágoa e raiva como se a separação tivesse ocorrido no dia anterior, ou então, como o medo de não ser aceito é muito grande, constantemente, ao sentir-se ameaçado diante de um grupo de amigos, poderá fantasiar desafetos e explodir em alguma discussão mais calorosa, ou implodir em um sentimento aniquilante de rejeição.
A incidência do transtorno é muito maior nas mulheres do que nos homens, pelo fato do gênero feminino ser muito mais propenso às emoções, o que não quer dizer, que não existam inúmeros casos de homens também com TPB. Assim como é predominante a psicopatia no gênero masculino, em razão da racionalidade como forma de pensar predominante. O que faz das Borders presas fáceis aos psicopatas que ao encontrarem mulheres sensíveis, vulneráveis e dependentes, usam e abusam de sua carência e fragilidade para seus interesses.
Se você convive com alguém com essas características, não exite em mobilizá-lo para a procura de ajuda. Só quem sofre desse transtorno ou mesmo convive com alguém deste perfil, sabe como pode ser torturante e desestabilizador. O tratamento para o transtorno é principalmente psicoterápico visando a reestruturação da personalidade, até então fluida. Através de ajuda com profissional especializado, o portador do transtorno poderá pouco a pouco reconhecer-se em um processo lento, mas fundamental de individuação, para assim reparar seu vazio interno e condições de dependência.

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