quarta-feira, 4 de março de 2015

O que ‘Os Outros’ vão pensar?


O que ‘Os Outros’ vão pensar?


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É admirável o esforço que os meios de comunicação estão fazendo para conscientizar a sociedade sobre a importância de proteger as crianças.
Mas, pra ser franca, quando eu era pequena não tinha medo nenhum de bicho-papão,
mula-sem-cabeça ou de bruxa malvada. Quem me aterrorizava era outro tipo de monstro. Eles atacavam em bando. Chamavam-se Os Outros.
Nada podia ser mais danoso que Os Outros. As crianças acordavam de manhã já pensando neles. Quer dizer, as crianças não: as mamães. Era com os outros que elas nos ameaçavam caso não nos comportássemos direito. Se não estudássemos, Os Outros nos chamariam de burros. Se não fôssemos amigos de toda a classe, os Outros nos apelidariam de bicho-do-mato. Se não emprestássemos nossos brinquedos, Os Outros nunca mais brincariam conosco.
E o pior é que as mães não mantinham a lógica do seu pensamento. “Mas mãe, todo mundo dorme na casa dos amigos” “Eu lá quero saber dos Outros? Só me interessa você!” Era de pirar a cabeça de qualquer um. Não víamos a hora de crescer para nos vermos livres daquela perseguição.
Veio a adolescência, e que desespero: descobrimos que os Outros estavam mais fortes do que nunca, ávidos por liquidar com nossa reputação. “Você vai na festa com esta calça toda furada? O que Os Outros vão dizer?” “Filha minha não viaja sozinha com o namorado, não vou deixar que vire comentário na boca dos Outros”.
Não tinha escapatória: aos poucos fomos descobrindo que os outros habitavam o planeta inteiro, estavam de olho em todas as nossas ações, prontos para criticar nossas atitudes e ferrar com nossa felicidade.
Hoje eles já não nos assustam tanto. Passamos por poucas e boas e, no final das contas, a opinião deles não mudou o rumo a nossa história. Mas ninguém em sã consciência pode se considerar totalmente indiferente a eles. os outros ainda dizem horrores de nós. Ainda têm o poder de nos etiquetar, de nos estigmatizar. A gente bem que tenta não levá-los a sério, mas sempre que bate uma vontade de entregar os pontos ou de chorar no meio de uma discussão, pensamos: “Não vou dar este gostinho para Os Outros”.
Martha Medeiros
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É deveras incômoda a preocupação que se tem com o que “os outros” vão pensar.
Quantas pessoas não deixam de fazer o que querem pelo medo que têm da opinião “dos outros”?
Quantas não abdicam de suas maiores vontades, porque “os outros” podem pensar mal a respeito delas?
E assim por diante…
“Os Outros”…
Sempre eles…
Pessoas hipócritas esses “os outros”!
Estão a toda momento nos estigmatizando, estereotipando, criticando nossa maneira de ser, de pensar, de agir, quando sequer cuidam de suas próprias vidas.
Vivem nos julgando pelo que fazemos e dizemos, quando na verdade morrem de vontade de igualmente fazê-lo, e dizê-lo, mas não têm coragem para tanto.
Acusam-nos de seus próprios vícios.
A Martha estava certa quando disse que ninguém pode ser totalmente indiferente a eles, mas eu, particularmente, bem que tento chegar o mais perto possível dessa indiferença, pois sou o que sou, e não o que dizem. Sou o que sou, e não o que gostariam que eu fosse. Do meu jeito, com minhas qualidades e defeitos, vícios e virtudes, sem tirar nem pôr. Único, como cada um de vocês.
É isso que nos torna perfeitos: a diferença! A singularidade, a diversidade de pensamento, de atitude, etc.
Portanto, desculpem os mais pudicos, quero mesmo é que “os outros” se explodam, porque, como diria minha amiga Catarina Oliveira, está para existir monstro mais funesto do que aquele que poda nossa liberdade.
Sejam vocês mesmos. Sempre.
Afinal, nem “O cara lá de cima” agradou a todos. Quem dirá nós…

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