Lígia Guerra
Sim,
viver dói e muito! São decepções, tristezas, arrependimentos, rompimentos. Nem
sempre é o lado positivo da vida que está em evidência, mas são elas, as nossas
angústias, aquelas que insistimos em abrigar em nossos corações por pura
incapacidade de digeri-las. Aliás, muitas vezes já desejei que o meu estômago
estivesse no lugar do meu coração, seria bem mais fácil para eu separar aquilo
que eu deveria absorver ou expurgar.
Olhar para vida sempre com olhos apaixonados e sorriso nos
lábios é impossível, seria como estar com fome e querer estudar literatura.
Refletir e filosofar sobre os sentimentos nossos de cada dia.. exige que
tenhamos uma base mínima de equilíbrio emocional, que estejamos saciados
minimamente de amor e de fé. Tente falar de otimismo para um depressivo, um
desempregado ou um abandonado, impossível! Primeiro é preciso recuperar o mínimo
das energias para dar os próximos passos em busca da reconstrução emocional,
para reestruturar a sanidade e a lucidez. Isso serve para cada um de nós, não
existe mágica quando estamos melancólicos, desapontados e cabisbaixos.
Temos que respeitar os nossos sentimentos, tomar fôlego,
voltar a respirar, afastarmo-nos dos nossos agressores, recompormo-nos, dar-nos
colo... Depois, em um segundo momento, já refeitos reiniciaremos os nossos
processos de reconstrução interior, de retorno a paz. Só não podemos ser
ingênuos em acreditar que a paz é a ausência da dor.
Temos o dever com nós mesmos de entender que a paz é o
equilíbrio, apesar da dor. Assim saberemos que viver continuará doendo em muitos
outros momentos, mas já não nos assustaremos tanto quando ela reaparecer.
Estaremos mais fortes, mais atentos e mais experientes para não permitir que ela
prolongue, além do que deve, a sua estada em nossos corações.
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