POR QUE O TRABALHO TEM FEITO TANTA GENTE INFELIZ?
Semana passada, postei no Facebook do blog a entrevista do Professor Clóvis de Barros Filho para o Jô Soares. Logo depois de ter assistido, parei para pensar sobre o motivo pelo qual aquele vídeo foi loucamente compartilhado nas redes sociais. Minha melhor hipótese foi a paixão com que o Professor falava sobre a sua profissão e como ele é feliz com a escolha que fez (além das piadas, é claro!). Não é difícil imaginar como as aulas dele devem ser ótimas e é inevitável concluir que esse cara tem vocação para o que faz.
Desde que decidi largar o meu emprego e viajar, o que mais tenho ouvido das pessoas é: “Nossa, que inveja branca”, “Não aguento mais trabalhar como um louco e não ter tempo nem para gastar o que eu ganho”, “Um dia eu vou ter essa coragem e fazer algo que realmente me deixe feliz”.
Mas, por que esse povo está tão desanimado?

A vida profissional está atravessando um período crítico. O dinheiro, por incrível que pareça, está perdendo o poder, principalmente para aqueles que já estão em posições privilegiadas. Uma vez que já se tem o dinheiro, a nova moeda vira a satisfação com a vida. Aquela vida estável depois de anos de trabalho estafante antes da aposentadoria não nos parece tão atrativa quanto era para os nossos pais.
Mas é óbvio que pedir demissão e ir viajar também não é a solução para esse problema, principalmente por não ser algo acessível para todo mundo. Além disso, tirar um período sabático pode ajudar e muito a clarear as ideias, fazer você mudar de carreira, abrir um negócio ou apenas te dar um gás para voltar ao seu trabalho antigo, mas a grande verdade é que precisamos do nosso trabalho e mais ainda, do trabalho das outras pessoas para viver. O problema é que se apenas um em cada oito funcionários está feliz com o que faz, seja lá qual for o motivo, cada vez mais os produtos e serviços serão uma merda, concordam?
Será que tem solução?
Em uma das minhas pesquisas, encontrei algo bem interessante sobre a felicidade em relação ao trabalho. São conceitos óbvios, mas que quando paramos para pensar, ajudam a responder um pouco mais sobre a razão pela qual tanta gente está descontente.
Existem três jeitos de olhar para o trabalho: tarefa, carreira e vocação.
Tarefa é algo que você cumpre em troca de um pagamento, sem procurar outras recompensas.
A carreira está vinculada a um investimento profissional mais profundo. Você trabalha pelo dinheiro, mas também pela ascensão e reconhecimento profissional.
E a vocação é o compromisso apaixonado pelo trabalho. Quem tem uma vocação vê seu trabalho como uma contribuição para um bem maior, para algo além de si mesmo. O trabalho em si é o fator de realização, ainda que não haja dinheiro ou promoções em jogo.
Com esses três conceitos em mente, eu comecei a lembrar de todo mundo que já esteve trabalhando comigo, seja dando aula, como colega de trabalho ou oferecendo um simples serviço. É chocante perceber que são pouquíssimas as pessoas que trabalham por vocação. Mas quando paramos para pensar, elas provavelmente eram nossos professores preferidos, um colega ou chefe que admiramos muito ou nosso cabeleireiro! Esses profissionais, sem dúvida nenhuma, são os que oferecem as melhores experiências, os que trabalham mais felizes e os mais bem sucedidos naquilo que fazem, independentemente da profissão.
Mas para ficar mais fácil de entender, vou pegar um exemplo bem conhecido de quase todo mundo: o nosso querido gari Renato Sorriso!

Por isso é tão importante entender o motivo pelo qual você não está feliz e qual é o seu papel no mundo. Como você enxerga seu trabalho: tarefa, carreira ou vocação? Nenhum deles está errado, mas cada um gera um resultado diferente e é preciso entender se o jeito que você realiza está alinhado com as expectativas que você tem. Não adianta fazer sua tarefa bem feita, mas sem comprometimento, e esperar que ela seja reconhecida como algo que faz diferença na vida das pessoas. Também não adianta ficar frustrado porque você tem três anos de “firma” e não é promovido, se você não se dedica muito mais do que a média dos seus colegas. Quando você é capaz de fazer uma auto-avaliação honesta e identificar o problema, fica mais fácil entender o que não está dando certo e mudar.
Outra coisa importante: se dê uma chance. Digo isso porque sempre amei escrever e contar histórias, mas nunca achei que isso pudesse me levar a lugar algum ou fosse me fazer ganhar dinheiro. Hoje, mesmo não ganhando um centavo para escrever aqui, isso me faz tão feliz quanto viajar e conhecer lugares novos.
Eu realmente acredito que aqueles que encontram sua vocação não se importam em trabalhar mais horas do que o normal, nem se estão sendo pagos ou não. Não coincidentemente, são esses os profissionais que quase sempre ganham mais dinheiro, já que tendem a ser os melhores e os mais apaixonados por aquilo que fazem :).
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