“Em tempo
de radicalização e de guerra de opiniões, quando cada um quer provar que tem
razão, mesmo à custa da verdade, com a clareza e sinceridade que caracterizam
nosso grande poeta, Ferreira Gullar foi ao fundo da questão: “o importante não
é ter razão, é ser feliz”. E abriu o coração inteligente: quando discute com a
namorada e acabam brigando, ele sempre tem razão, mas ela vai embora furiosa e
passa três dias sem ligar. Ele fica sozinho em casa, cheio de razão, mas numa
tristeza infinita, infelicíssimo. Há muito tempo me esforço para desistir da
idéia de convencer alguém de alguma coisa. Com minha intuição, experiência e
convicções, ofereço minhas opiniões com sinceridade, apresento meus argumentos,
me empenho em ser claro e objetivo. Se forem aceitas, ótimo, se não, ótimo
também. Gosto de aprender, não tenho problemas para admitir meus erros e
equívocos, não me sinto inferior por não ter razão. Nem culpado por me sentir
feliz. Gullar, comunista histórico, sabe que nenhum sistema político, econômico
ou filosófico gerado pela razão humana é capaz de fazer o indivíduo feliz, que
é o que interessa. Cada pessoa é um mundo complexo, insondável e imprevisível,
e a sensação de felicidade ou o seu avesso atingem ricos e pobres, burros e
sábios, religiosos e ateus, desde que o mundo é mundo. Não bastam diversão e
arte, além da comida, para fazer o homem e a mulher felizes. O buraco é mais
embaixo e muito mais fundo. Passeando pelos blogs, especialmente os políticos,
e lendo as torrentes de ódio, ressentimentos e vitupérios que as falanges
digitais de militantes trocam o dia inteiro (esta gente não trabalha?), não se
pode deixar de notar que, quando mais razão eles acham que têm, mais infelizes
se sentem”. (*) O texto acima é de Nelson Mota, publicado sexta-feira passada
na Folha de S. Paulo, página 02. Numa época que convida à reflexão, pedimos
licença para divulgá- lo entre os nossos leitores (gostaríamos de tê-lo
escrito), pois reflete não só a nossa opinião, como uma verdade cristalina e
imutável.
sábado, 21 de fevereiro de 2015
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