Autocontrole
Autogerência e autocontrole: quando lhe tiram do sério
Sempre tem aquele que nos tira do sério. Provocam, cutucam nossas feridas de uma forma que muitas vezes nem dá para entender se fizeram de propósito ou por ingenuidade. São pessoas que fazem pedidos descabidos, são pessoas que simplesmente acham que tem mais direito que os demais. Ter autocontrole é fundamental para continuarmos nossa vida sem precisar nos desentendermos com cada uma destas pessoas. Afinal de contas, não é porque a outra pessoa não tem bom senso é que você será igual.
Hoje em dia a competição cada vez mais intensa, temos que assumir cada vez mais riscos senão ficamos para trás. Temos milhões de coisas para fazer no menor tempo possível. Para quem é casado existe as exigências do casamento - o outro querendo atenção e você sem tempo ou paciência. Para quem é pai ou mãe, são os filhos que requisitam mais e mais. Para quem é solteiro se faz necessário equilibrar trabalho, amigos, as tarefas de casa, família e ainda arranjar uma namorada ou namorado - porque ninguém é de ferro e ninguém gosta de viver sozinho.
Não é difícil perceber a quantidade de coisas que podem te afetar: um colega tipo “sabichão” que só sabe mesmo é te tirar do serio ou é aquele chefe critico, um supervisor na defensiva, um filho endiabrado, uma esposa que não colabora, o amigo que só te liga para falar dele mesmo e nem te pergunta como você está, o parente invejoso, enfim, a lista é gigante.
As frases que mais se ouve são: “Meu chefe me deixa louco”. “Meus filhos acabam comigo”. “Eu odeio quando... (preencha como quiser - pode ser um evento, uma tarefa, uma decisão, um prazo, uma crise ou uma incerteza)".
Muita coisa pode abalar a vida da gente: mudança de carreira, um divórcio, ou até um casamento (também abala, pensa que não?), a compra da sua casa, uma entrevista de emprego, o transito, decisões para tomar... muitas decisões te esperando para serem tomadas, mas a pior decisão que é: não decidir nada. É a decisão do medo! Ficar num cantinho vendo os outros viverem e você só sobrevivendo!
O que fazer para não sair do sério?
Autogerência é a resposta para lidar bem com isso tudo. Se você deixar vai ter muita coisa para te tirar do sério e você precisa não permitir que os fatos do cotidiano e as pessoas te afetem tanto. Superar as dificuldades sem sofrer desnecessariamente.
Problemas todo mundo tem. Se você não tem, então você deve estar morto, pois basta sair para dar uma volta de carro para alguém te dar uma fechada e ainda por cima falarem um desaforo. Se você for mulher te mandam lavar roupa em casa - você sabe do que eu estou falando. Sabe-se lá quais outros desaforos as pessoas são capazes de disparar. Você não pode evitar que essas coisas aconteçam mas, pode aprender a lidar melhor com delas.
O que você não sabe é que foi você que permitiu que te tirassem do sério. Ninguém te tira do sério se você não deixar. O problema é que as pessoas não sabem como fazer para impedir a influência do outro.
Antes vou contar as três coisas que facilitam que te tirem do sério mas ao mesmo tempo fazem de você um ser humano: você pensa, sente e se comporta.
O que faz de você um ser humano
Em primeiro lugar o pensamento . Mesmo que você queira, não consegue ficar um minuto sem pensar, mesmo quando sua cabeça está longe, no mundo da lua, está pensando em algo. Muitas vezes a gente nem presta atenção no que está pensando, ou seja, este pensamento não é consciente.
Em segundo lugar, a gente está quase que o tempo todo sentindo uma emoção . Pode ser algo só meio vago, pode estar meio irritado, meio feliz ou pode ser intenso como uma fúria, depressão, etc.
E, por fim, você está sempre se comportando , fazendo alguma coisa. Se você está agora lendo esse texto, isso já é um comportamento, o comportamento de se concentrar num texto.
E é sobre isso que vou falar, o que te passa na cabeça, quais sentimentos lhe perturbam e o que você faz com tudo isso.
O problema está dentro de você
Esta é uma ótima noticia, pois se se o problema está com você, a solução também está à mão.
As pessoas costumam achar que o problema está sempre fora delas, ou seja, se você se irritou, é porque alguém o ofendeu, se você está depressiva é porque o outro te deixou assim, e por ai vai. Mas na realidade o que tira do sério não são as dificuldades que te aparecem, as pessoas difíceis que você tem na sua vida, seus prazos curtos a cumprir, os sabichões, a irresponsabilidade dos outros etc.
Na realidade não é nada disso que te tira do sério. O que te tira do sério é você mesmo. É como você lida com essa bagagem toda, ou seja, o que te afeta não são as coisas que te acontecem, mas os pensamentos, interpretações e reações que você tem quando cada uma destas coisas te acontecem.
Eu sei que ate agora o que eu tenho é um bando de incrédulos me lendo e pensando: “Mas como? É claro que meus problemas são essas coisas horríveis que me acontecem! Como a Marisa tem a coragem de dizer que o problema é a minha cabeça?”
Mas veja bem, isso é uma ótima noticia, porque esse é o segredo que te facilita a viver muito melhor. Estou dizendo que você tem o controle da sua vida, sobre o que te acontece. Como você se sente está na sua mão e não nas mãos dos outros ou do destino.
Como ocorre o processo interno que nos faz sair do sério
Vou explicar. Primeiro, passo A, ocorre um problema, alguém faz algo muito ruim. Vamos dar o exemplo do trânsito: alguém lhe deu uma fechada. Passo B: você reage ou fica bravo, persegue o cara, briga com ele ou perde o dia porque fica tremendo horas depois.
Mas antes de você reagir, de se alterar, de responder, algo aconteceu automaticamente na sua cabeça: você percebe, escolhe, analisa, julga, imagina. Enfim, tudo isso tem um mesmo nome, que é: você pensa!
Mesmo que esse pensamento seja muito rápido e você mal o perceba, você precisa dele para sentir raiva ou o que for, você precisa do pensamento para chegar a algum comportamento. O negocio é que muitas vezes esse pensamento é tão rápido que você não se dá conta dele.
Algumas pessoas não se dão conta disso, elas dizem: “Fulano abriu a boca e o sangue me subiu na cabeça”. Aí, parece que o sangue lhe subiu à cabeça pelo que fulano disse, parece que o sangue lhe subiu a cabeça porque fulano lhe disse aquilo. Mas o sangue lhe subiu pelo o que você pensou a respeito do que fulano lhe disse. Você teve que considerar uma ofensa, então essa fúria surgiu por sua causa, por causa de seus conteúdos mentais e não diretamente por causa do outro.
O que eu estou dizendo é: não importa o que lhe aconteça, é o que você pensa desse acontecimento que vai determinar se você vai explodir ou não.
A parte ruim é que não dá para você colocar a culpa nos outros pelo que acontece contigo, você não pode dizer: “ela me irritou” ou ”meu trabalho está me tirando do sério” ou “minha vida pessoal está me levando à loucura”. Às vezes você justifica, colocando a culpa nos outros ou nas coisas que te acontecem pelos comportamentos e pelo sofrimento pelo qual você está passando. Mesmo porque você não tem poder sobre o outro. Você vai mudar o cara? O fará ter consciência ou respeito? Muitas vezes, você não consegue.
Assumir responsabilidade pelos nossos sentimentos e comportamentos é muito importante. Em primeiro lugar não estou dizendo que você deve se culpar ou se recriminar. As pessoas usam a palavra culpa e responsabilidade como se fossem sinônimos, mas “culpar” significa “recriminar” e “responsabilizar” significa que você responde pelos seus sentimentos e atitudes. Assumir responsabilidade é saudável. Culpar-se é destrutivo.
Quatro modos de pensar
Existem quatro modos de pensar quando algo te acontece. A boa noticia é que são só quatro e fica fácil de entender. A má noticia é que, destas quatro maneiras, três são muito prejudiciais, são pensamentos enlouquecedores. Quero dizer que se você pensa de uma destas três maneiras você não vai lidar com a situação de forma sensata, você vai permitir que o outro te tire do sério e você vai reagir de forma descontrolada e desproporcional.
O Pensamento Enlouquecedor
O primeiro pensamento enlouquecedor é o chamado pensamento catastrófico. Isso significa que a pessoa transforma tudo em algo muito mais importante do que realmente é. É fácil de reconhecê-los, porque muitos pensamentos catastróficos começam com a expressão “e se”.
Por exemplo, você está na sala de espera de uma entrevista de emprego e sua cabeça começa: “E se ele perguntar algo que não sei responder. E se não gostarem de mim. E se eu não for interessante?”. Essas perguntas querem dizer que caso alguma dessas coisas aconteça não vai ser só uma preocupação, vai ser uma catástrofe. Entrando na entrevista com isso na cabeça você será derrotado, com muita certeza esses pensamentos vão virar uma profecia que se auto realiza.
No casamento aparecem muitos pensamentos catastróficos. “E se ele não me amar mais”. “E se ele não mudar”. “E se o trabalho vier sempre em primeiro lugar”. Um ponto interessante é que o problema não é exatamente a pergunta, o problema é a resposta. Por exemplo, o garoto que está apavorado por fazer teste para entrar no time de futebol não seria um problema se o garoto pensasse “ae eu não entrar, não vai ser legal, mas vou fazer o possível, se não conseguir desta vez vou praticar mais e tento de novo na próxima vez” ou “vou buscar outra atividade”. Pensando assim a coisa não é uma catástrofe, é apenas ruim, e com coisas ruins é possível de se lidar. Com catástrofes não.
Seria muito mais difícil de lidar e causaria muito sofrimento desnecessário pensamentos catastróficos do tipo: “se eu não passar, nunca mais vou ter coragem de conviver com meus amigos, eles vão me considerar um perdedor, jamais vou me perdoar etc”.
Outra forma de pensamento catastrófico é identificado quando ouvimos as pessoas começando frases assim: “eu fico louco quando...”, “não agüento quando...”, “isso acaba comigo...”, “eu odeio quando...” . Sempre que se tem esse tipo de pensamento, você fica mais suscetível às pessoas ou situações que lhe tirem do sério.
E você deve saber que entrar em pânico é a melhor maneira de você se tornar infeliz .
Quantas vezes você entrou em pânico por coisas que, quando realmente aconteceram, você viu que não eram tão ruins assim. Como, por exemplo, aquele que nem abre o resultado do exame com medo de ter uma doença tão grave que o médico vai lhe dar só alguns dias de vida, mas quando finalmente ele tem coragem vê que não tem doença nenhuma. Ou aquela pessoa que começa um emprego achando que não vai conseguir aprender as funções, mas dali a alguns dias já está craque no serviço.
A boa noticia é que todo mundo pode aprender como parar de entrar nessas situações de sofrimento desnecessárias.
Pensem comigo, porque seria melhor não entrar em pânico? Além de evitar infelicidade à toa, em pânico você não pensa com clareza, com lógica, você não tem chance de tomar boas decisões. E o melhor: se você reagir adequadamente, você não vai permitir que outras pessoas te façam perder o controle.
Agora parece que eu botei o ovo em pé, não? “É só pensar com clareza? Então está fácil”. Fácil nada. O segredo é COMO fazer isso. Vou te dar a dica do “como”.
O Pensamento Absolutista
O segundo tipo de pensamento enlouquecedor é o pensamento absolutista. Os pensamentos absolutistas aparecem quando você pensa coisas como “eu devo”, “eu tenho que”, “eu preciso”, “eu deveria”. “Eu deveria ter dito tal coisa”. “Eu tenho de ser mais organizado”. Todos nós fazemos isso algumas vezes ao dia. O problema aparece quando você exagera nessa autocrítica.
As pessoas fazem muito isso com a aparência: eu devia ter esta parte do corpo mais fina, mais grossa, maior, menor etc. Dizemos o tempo todo: eu deveria ser mais inteligente, maduro, criativo, desinibido, estável, confiante, decidido.
Pensamos que deveríamos ser mais sérios, mais alegres, mais maduros ou nunca envelhecer. E sabe o que acontece quando você se enche desses “deverias”? Você acaba passando isso para os outros. Você acaba achando que os outros é que deveriam ser mais, ser menos, fazer isso ou aquilo.
Mas, a pior critica é a que se faz para si mesmo. Esse é o tipo de coisa que acaba permitindo que os outros nos tirem do sério. Porque quando você se critica tanto, qualquer olhar diferente que o outro fez para você já é uma reprovação, qualquer suspiro é uma condenação.
E como é que tudo isso começa? Na realidade começa lá na infância. Com certeza você teve pais dizendo: você deveria brincar direito com seu irmão, você deveria ser médico, advogado, piloto de avião. Você deveria ser o que eu quero que seja.
E vocês sabem qual é uma das fontes mais cruéis dos “deverias”? E a televisão. Ela vive te dizendo que, se você não usar a pasta de dente certa, se não tiver o corpo daquela modelo, se não usar aquele xampu, jamais você vai ser alguém na vida. A TV vive te convencendo das coisas que você deve ter.
O Pensamento de Racionalização
O terceiro tipo de pensamento enlouquecedor é a racionalização. Vejam que raciocinar é uma coisa. Racionalizar é outra bem diferente. Raciocinar é entender as coisas como elas são. Racionalizar é negar os sentimentos.
Exemplo: você tem um filho difícil, ele te dá muito trabalho. Dizer que você não está nem aí para ele é racionalizar. Dizer “chega, meu filho pode ir para o inferno, eu não ligo, se ele quer arruinar a própria vida o problema é dele”. Porque a gente sabe o que vai acontecer. Você vai racionalizar assim por dois ou três dias, depois o pânico volta e aparece tudo de novo. E mais forte ainda.
Ou em outro exemplo de racionalização, a pessoa é tão tímida que chega a ter fobia social, tem uma dificuldade danada em se relacionar com pessoas. E o que ela faz? Diz que não está nem aí para os outros, diz que prefere mesmo viver sozinha, comer sozinha, ir ao cinema sozinha. Ou nem sai de casa, diz que prefere ficar vendo Faustão do que ir ao clube e freqüentar aquele monte de gente esquisita. Mentira! Em psicologia a gente chama isso de dissonância cognitiva, que são essas justificativas que as pessoas arrumam para dar sentido a uma coisa que não tem sentido nenhum.
De toda forma, a racionalização é uma tentativa de superar o problema. Mas é uma tentativa muito frágil. Por exemplo, foi feita uma pesquisa com mulheres que fizeram cirurgia de câncer no seio. Perguntaram a elas quanto tempo se passou desde o momento que notaram os primeiros nódulos nos seios até a procura pelo médico e tratamento. O interessante é que algumas esperaram anos para ir ao médico. A média foi seis meses. Elas ficaram racionalizando, dizendo para si mesmas que aquilo não era nada. Achando que se ela ignorasse o nódulo, ele sumiria. Veja a que ponto de prejuízo pode chegar essa tal de racionalização.
Bem, vimos que entrar em pânico, racionalizar e criticar são as três formas erradas, mas infelizmente as mais comuns que as pessoas usam para lidar com as situações difíceis.
Não são as pessoas ou as situações que nos aborrecem. Parece que é, mas na verdade é o modo como pensamos e reagimos a essas coisas que determina o nível da sua irritação.
O Pensamento das Preferências Realistas
Somos nós que nos irritamos, mas podemos aprender a deixar de fazer assim. Como? Aprendendo a aplicar o quarto tipo de pensamento. Felizmente, há esse quarto tipo de pensamento que você pode ter quando alguém está tentando te tirar do serio. É fácil de entender, mas é difícil de colocar em prática. Eu vou mostrar como, mas te adianto que só com muita persistência e dedicação você chega lá.
Este tipo de pensamento é do tipo de preferências. As mais eficientes são assim: “eu se sentiria melhor se...“, “eu gostaria de...”, “eu preferiria que...”, “seria melhor se...”.
Para explicar melhor vou dar um exemplo de um professor. Em seu primeiro dia de aula ele passou pelos três tipo de pensamentos enlouquecedores. Primeiro os catastróficos. “E se minha aula for horrível”? “E se os alunos morrerem de tédio”? “E se fizerem uma pergunta que eu não sei responder”? “E se todo mundo for embora no meio da aula”?
Aí ele passou para a fase da autocrítica: “Eu deveria ter capacidade para dar uma excelente aula, mesmo sendo a primeira aula da minha vida. Minha mãe tinha razão, eu sou um idiota mesmo. Nunca vou ser nada na vida”.
Em seguida, ele partiu para as racionalizações. “E daí, nem me importo. Se eles não gostarem da minha aula, significa que são burros demais para entender minha capacidade. Se eles não sabem apreciar o que tenho a oferecer, o problema deles”.
Mas na terapia ele aprendeu a usar o pensamento na forma de preferências. Vejam bem que isso não é usar pensamento positivo. Eu não quero que ninguém fique rezando mentiras bonitas para si mesmo. O que eu quero são pessoas com capacidade de suportar as dificuldades da vida, que todo mundo tem, ninguém nasce com bônus de viver sem qualquer problema.
Bem quando ele conseguiu colocar a coisa em termos de preferências realistas, a sua visão referente às suas primeiras aulas ficaram assim: “Eu gostaria que esta sala gostasse de mim e de minhas aulas. Gostaria que respeitassem o que tenho a dizer. Se não for assim, será uma pena, mas não vai ser horrível, a não ser que eu assim o determine”.
Viu? Se o problema vai ser o fim do mundo, depende de você determinar que assim ele seja. Depende do quanto você permite que o problema te afete.
Mas aí esse paciente continua... “Gostaria de responder de forma brilhante a cada pergunta, mas, se não der, posso agüentar sem me criticar”.
Veja que a hora que isso se torna uma verdade interna - uma coisa que não é dita só da boca para fora, mas uma coisa que se diz e se sente como verdade -, sua vida muda.
Para sentir como verdade, não se deve tentar se convencer com um monte de pensamentos positivos bonitos, porém irreais, do tipo: “Eu sou um excelente professor, darei a melhor aula da minha vida, não errarei em nada”. Vejam que esse tipo de pensamento deixa as pessoas mais ansiosas ainda. Vira uma obrigação ser perfeito. O que não é real. Não se deve buscar essa perfeição irreal. Deve-se buscar a resistência, ideal, às frustrações.
Pensar em termos de preferências te libera para ir mais tranquilo e fazer o melhor dentro da sua capacidade. Você pode melhorar sempre, praticando. É claro que você vai se tornar muito bom, seja lá no que for.
O pensamento realista não te garante que tudo vai dar certo, mas garante que vale a pena tentar, tentar e se corrigir e aprender a cada tentativa. O pior é ficar paralisado e não fazer nada, por puro medo.
Vamos à outra situação. Você tem um chefe que nunca diz o quanto seu trabalho é bem feito, por mais que você se esforce, fique depois do horário. Ele não expressa a mínima consideração. O que ele faz é só apontar cada erro seu. Você até gosta do seu trabalho, mas essa situação esta te cansando. Bem antes de você pedir demissão e mudar para outro emprego com outro chefe igual ou pior, ou seja, antes de você trocar de problema, vamos analisar a situação.
Pensamentos que te levam ao pânico são: “E se eu tiver mesmo fazendo um trabalho medíocre? E se ele está cheio de mim? Porque ele não pode fazer um só elogio”?
Agora os pensamentos críticos: “Que chefe péssimo que eu tenho. Ele precisa entender que funcionários precisam de estímulo. Porque eu devo trabalhar tanto se só recebo criticas? Esse cretino precisa aprender a tratar as pessoas”.
Agora os pensamentos de racionalização podem ser: “É assim que funciona em todo lugar, toda empresa é igual. Vou apenas fazer meu trabalho, pegar meu cheque e chutar a porta, não vou esperar mais nada, não me importo”.
Os comportamentos das pessoas que tem esses pensamentos acabam sendo não se esforçar, tornar-se um sarcástico, passar a só reclamar, entrar em discussões com esse chefe ou recuar, guardar tudo para si e não dizer nada.
A solução é o pensamento realista. Eis alguns exemplos de pensamentos em termos de preferências realistas: “Gostaria que meu chefe apreciasse meus esforços, mas isso não significa que ele tenha que fazer. Preferiria que ele dissesse algo de positivo às vezes, gostaria que ele respeitasse meu trabalho e demonstrasse isso. Se ele não melhorar vai ser uma pena. Estou muito preocupado e me comprometo a fazer o melhor possível a respeito, inclusive falar com ele sem parece alguém que só reclama”.
Os comportamentos que podem vir de quem pensa dessa forma são muito melhor adaptados. A pessoa mantém seu orgulho, seu empenho, pode desenvolver um sistema de apoio onde os colegas de trabalho possam reconhecer uns aos outros. Quer o chefe melhore ou não, você vai ter lidado bem com a situação e não vai permitir que ele o tire do sério. Ou seja, você está sendo dono dos seus sentimentos, não está sendo refém dos outros.
Isto é muito importante: não ser refém dos outros. Você percebe a enorme diferença que aparece tanto na forma como você sente, como na forma que você se comporta e se dá conta que tudo isso depende da forma como você pensa.
Se você entende porque eu digo que o que te tira do sério não são os outros ou as coisas que te acontecem - que o que te tira do sério é você mesmo -, então você pode se autogerenciar e trabalhar essa cabeça para que ela funcione a seu favor e não contra você. Conte com seu psicólogo para trilhar este caminho de forma mais rápida e eficiente.
Sempre tem aquele que nos tira do sério...
...provoca, cutuca nossas feridas de uma forma que muitas vezes nem dá para entender se fez de propósito ou por ingenuidade. São pessoas que fazem pedidos descabidos, são pessoas que simplesmente acham que tem mais direito que os demais. Ter autocontrole é fundamental para continuarmos nossa vida sem precisar nos desentendermos com cada uma destas pessoas. Afinal de contas, não é porque a outra pessoa não tem bom senso é que você será igual.
Hoje em dia a competição cada vez mais intensa, temos que assumir cada vez mais riscos senão ficamos para trás. Temos milhões de coisas para fazer no menor tempo possível. Para quem é casado existe as exigências do casamento - o outro querendo atenção e você sem tempo ou paciência. Para quem é pai ou mãe, são os filhos que requisitam mais e mais. Para quem é solteiro se faz necessário equilibrar trabalho, amigos, as tarefas de casa, família e ainda arranjar uma namorada ou namorado - porque ninguém é de ferro e ninguém gosta de viver sozinho.
Não é difícil perceber a quantidade de coisas que podem te afetar: um colega tipo “sabichão” que só sabe mesmo é te tirar do serio ou é aquele chefe critico, um supervisor na defensiva, um filho endiabrado, uma esposa que não colabora, o amigo que só te liga para falar dele mesmo e nem te pergunta como você está, o parente invejoso, enfim, a lista é gigante.
As frases que mais se ouve são: “Meu chefe me deixa louco”. “Meus filhos acabam comigo”. “Eu odeio quando... (preencha como quiser - pode ser um evento, uma tarefa, uma decisão, um prazo, uma crise ou uma incerteza)".
Muita coisa pode abalar a vida da gente: mudança de carreira, um divórcio, ou até um casamento (também abala, pensa que não?), a compra da sua casa, uma entrevista de emprego, o transito, decisões para tomar... muitas decisões te esperando para serem tomadas, mas a pior decisão que é: não decidir nada. É a decisão do medo! Ficar num cantinho vendo os outros viverem ou ter sua via também!
O que fazer para não sair do sério
Autogerência é a resposta para lidar bem com isso tudo. Se você deixar vai ter muita coisa para te tirar do sério e você precisa não permitir que os fatos do cotidiano e as pessoas te afetem tanto. Superar as dificuldades sem sofrer desnecessariamente.
Problemas todo mundo tem. Se você não tem, então você deve estar morto, pois basta sair para dar uma volta de carro para alguém te dar uma fechada e ainda por cima falarem um desaforo. Se você for mulher te mandam lavar roupa em casa - você sabe do que eu estou falando. Sabe-se lá quais outros desaforos as pessoas são capazes de disparar. Você não pode evitar que essas coisas aconteçam mas, pode aprender a lidar melhor com delas.
O que você não sabe é que foi você que permitiu que te tirassem do sério. Ninguém te tira do sério se você não deixar. O problema é que as pessoas não sabem como fazer para impedir a influência do outro.
Antes vou contar as três coisas que facilitam que te tirem do sério mas ao mesmo tempo fazem de você um ser humano: você pensa, sente e se comporta.
O que faz de você um ser humano
Em primeiro lugar o pensamento . Mesmo que você queira, não consegue ficar um minuto sem pensar, mesmo quando sua cabeça está longe, no mundo da lua, está pensando em algo. Muitas vezes a gente nem presta atenção no que está pensando, ou seja, este pensamento não é consciente.
Em segundo lugar, a gente está quase que o tempo todo sentindo uma emoção . Pode ser algo só meio vago, pode estar meio irritado, meio feliz ou pode ser intenso como uma fúria, depressão, etc.
E, por fim, você está sempre se comportando , fazendo alguma coisa. Se você está agora lendo esse texto, isso já é um comportamento, o comportamento de se concentrar num texto.
E é sobre isso que vou falar, o que te passa na cabeça, quais sentimentos lhe perturbam e o que você faz com tudo isso.
O problema está dentro de você
Esta é uma ótima noticia, pois se se o problema está com você, a solução também está à mão.
As pessoas costumam achar que o problema está sempre fora delas, ou seja, se você se irritou, é porque alguém o ofendeu, se você está depressiva é porque o outro te deixou assim, e por ai vai. Mas na realidade o que tira do sério não são as dificuldades que te aparecem, as pessoas difíceis que você tem na sua vida, seus prazos curtos a cumprir, os sabichões, a irresponsabilidade dos outros etc.
Na realidade não é nada disso que te tira do sério. O que te tira do sério é você mesmo. É como você lida com essa bagagem toda, ou seja, o que te afeta não são as coisas que te acontecem, mas os pensamentos, interpretações e reações que você tem quando cada uma destas coisas te acontecem.
Eu sei que ate agora o que eu tenho é um bando de incrédulos me lendo e pensando: “Mas como? É claro que meus problemas são essas coisas horríveis que me acontecem! Como a Marisa tem a coragem de dizer que o problema é a minha cabeça?”
Mas veja bem, isso é uma ótima noticia, porque esse é o segredo que te facilita a viver muito melhor. Estou dizendo que você tem o controle da sua vida, sobre o que te acontece. Como você se sente está na sua mão e não nas mãos dos outros ou do destino.
Como ocorre o processo interno que nos faz perder o autocontrole
Passo A, ocorre um problema, alguém faz algo muito ruim. Vamos dar o exemplo do trânsito: alguém lhe deu uma fechada. Passo B: você reage ou fica bravo, persegue o cara, briga com ele ou perde o dia porque fica tremendo horas depois.
Mas antes de você reagir, de se alterar, de responder, algo aconteceu automaticamente na sua cabeça: você percebe, escolhe, analisa, julga, imagina. Enfim, tudo isso tem um mesmo nome, que é: você pensa!
Mesmo que esse pensamento seja muito rápido e você mal o perceba, você precisa dele para sentir raiva ou o que for, você precisa do pensamento para chegar a algum comportamento. O negocio é que muitas vezes esse pensamento é tão rápido que você não se dá conta dele.
Algumas pessoas não se dão conta disso, elas dizem: “Fulano abriu a boca e o sangue me subiu na cabeça”. Aí, parece que o sangue lhe subiu à cabeça pelo que fulano disse, parece que o sangue lhe subiu a cabeça porque fulano lhe disse aquilo. Mas o sangue lhe subiu pelo o que você pensou a respeito do que fulano lhe disse. Você teve que considerar uma ofensa, então essa fúria surgiu por sua causa, por causa de seus conteúdos mentais e não diretamente por causa do outro.
O que eu estou dizendo é: não importa o que lhe aconteça, é o que você pensa desse acontecimento que vai determinar se você vai explodir ou não.
A parte ruim é que não dá para você colocar a culpa nos outros pelo que acontece contigo, você não pode dizer: “ela me irritou” ou ”meu trabalho está me tirando do sério” ou “minha vida pessoal está me levando à loucura”. Às vezes você justifica, colocando a culpa nos outros ou nas coisas que te acontecem pelos comportamentos e pelo sofrimento pelo qual você está passando. Mesmo porque você não tem poder sobre o outro. Você vai mudar o cara? O fará ter consciência ou respeito? Muitas vezes, você não consegue.
Assumir responsabilidade pelos nossos sentimentos e comportamentos é muito importante. Em primeiro lugar não estou dizendo que você deve se culpar ou se recriminar. As pessoas usam a palavra culpa e responsabilidade como se fossem sinônimos, mas “culpar” significa “recriminar” e “responsabilizar” significa que você responde pelos seus sentimentos e atitudes. Assumir responsabilidade é saudável. Culpar-se é destrutivo.
Quatro modos de pensar
Existem quatro modos de pensar quando algo te acontece. A boa noticia é que são só quatro e fica fácil de entender. A má noticia é que, destas quatro maneiras, três são muito prejudiciais, são pensamentos enlouquecedores. Quero dizer que se você pensa de uma destas três maneiras você não vai lidar com a situação de forma sensata, você vai permitir que o outro te tire do sério e você vai reagir de forma descontrolada e desproporcional.
O Pensamento Enlouquecedor
O primeiro pensamento enlouquecedor é o chamado pensamento catastrófico. Isso significa que a pessoa transforma tudo em algo muito mais importante do que realmente é. É fácil de reconhecê-los, porque muitos pensamentos catastróficos começam com a expressão “e se”.
Por exemplo, você está na sala de espera de uma entrevista de emprego e sua cabeça começa: “E se ele perguntar algo que não sei responder. E se não gostarem de mim. E se eu não for interessante?”. Essas perguntas querem dizer que caso alguma dessas coisas aconteça não vai ser só uma preocupação, vai ser uma catástrofe. Entrando na entrevista com isso na cabeça você será derrotado, com muita certeza esses pensamentos vão virar uma profecia que se auto realiza.
No casamento aparecem muitos pensamentos catastróficos. “E se ele não me amar mais”. “E se ele não mudar”. “E se o trabalho vier sempre em primeiro lugar”. Um ponto interessante é que o problema não é exatamente a pergunta, o problema é a resposta. Por exemplo, o garoto que está apavorado por fazer teste para entrar no time de futebol não seria um problema se o garoto pensasse “ae eu não entrar, não vai ser legal, mas vou fazer o possível, se não conseguir desta vez vou praticar mais e tento de novo na próxima vez” ou “vou buscar outra atividade”. Pensando assim a coisa não é uma catástrofe, é apenas ruim, e com coisas ruins é possível de se lidar. Com catástrofes não.
Seria muito mais difícil de lidar e causaria muito sofrimento desnecessário pensamentos catastróficos do tipo: “se eu não passar, nunca mais vou ter coragem de conviver com meus amigos, eles vão me considerar um perdedor, jamais vou me perdoar etc”.
Outra forma de pensamento catastrófico é identificado quando ouvimos as pessoas começando frases assim: “eu fico louco quando...”, “não agüento quando...”, “isso acaba comigo...”, “eu odeio quando...” . Sempre que se tem esse tipo de pensamento, você fica mais suscetível às pessoas ou situações que lhe tirem do sério.
Entrar em pânico é a melhor maneira de se tornar infeliz
Quantas vezes você entrou em pânico por coisas que, quando realmente aconteceram, você viu que não eram tão ruins assim. Como, por exemplo, aquele que nem abre o resultado do exame com medo de ter uma doença tão grave que o médico vai lhe dar só alguns dias de vida, mas quando finalmente ele tem coragem vê que não tem doença nenhuma. Ou aquela pessoa que começa um emprego achando que não vai conseguir aprender as funções, mas dali a alguns dias já está craque no serviço.
A boa noticia é que todo mundo pode aprender como parar de entrar nessas situações de sofrimento desnecessárias.
Pensem comigo, porque seria melhor não entrar em pânico? Além de evitar infelicidade à toa, em pânico você não pensa com clareza, com lógica, você não tem chance de tomar boas decisões. E o melhor: se você reagir adequadamente, você não vai permitir que outras pessoas te façam perder o controle.
Agora parece que eu botei o ovo em pé, não? “É só pensar com clareza? Então está fácil”. Fácil nada. O segredo é COMO fazer isso. Vou te dar a dica do “como”.
O Pensamento Absolutista
O segundo tipo de pensamento enlouquecedor é o pensamento absolutista. Os pensamentos absolutistas aparecem quando você pensa coisas como “eu devo”, “eu tenho que”, “eu preciso”, “eu deveria”. “Eu deveria ter dito tal coisa”. “Eu tenho de ser mais organizado”. Todos nós fazemos isso algumas vezes ao dia. O problema aparece quando você exagera nessa autocrítica.
As pessoas fazem muito isso com a aparência: eu devia ter esta parte do corpo mais fina, mais grossa, maior, menor etc. Dizemos o tempo todo: eu deveria ser mais inteligente, maduro, criativo, desinibido, estável, confiante, decidido.
Pensamos que deveríamos ser mais sérios, mais alegres, mais maduros ou nunca envelhecer. E sabe o que acontece quando você se enche desses “deverias”? Você acaba passando isso para os outros. Você acaba achando que os outros é que deveriam ser mais, ser menos, fazer isso ou aquilo.
Mas, a pior critica é a que se faz para si mesmo. Esse é o tipo de coisa que acaba permitindo que os outros nos tirem do sério. Porque quando você se critica tanto, qualquer olhar diferente que o outro fez para você já é uma reprovação, qualquer suspiro é uma condenação.
E como é que tudo isso começa? Na realidade começa lá na infância. Com certeza você teve pais dizendo: você deveria brincar direito com seu irmão, você deveria ser médico, advogado, piloto de avião. Você deveria ser o que eu quero que seja.
E vocês sabem qual é uma das fontes mais cruéis dos “deverias”? E a televisão. Ela vive te dizendo que, se você não usar a pasta de dente certa, se não tiver o corpo daquela modelo, se não usar aquele xampu, jamais você vai ser alguém na vida. A TV vive te convencendo das coisas que você deve ter.
O Pensamento de Racionalização
O terceiro tipo de pensamento enlouquecedor é a racionalização. Vejam que raciocinar é uma coisa. Racionalizar é outra bem diferente. Raciocinar é entender as coisas como elas são. Racionalizar é negar os sentimentos.
Exemplo: você tem um filho difícil, ele te dá muito trabalho. Dizer que você não está nem aí para ele é racionalizar. Dizer “chega, meu filho pode ir para o inferno, eu não ligo, se ele quer arruinar a própria vida o problema é dele”. Porque a gente sabe o que vai acontecer. Você vai racionalizar assim por dois ou três dias, depois o pânico volta e aparece tudo de novo. E mais forte ainda.
Ou em outro exemplo de racionalização, a pessoa é tão tímida que chega a ter fobia social, tem uma dificuldade danada em se relacionar com pessoas. E o que ela faz? Diz que não está nem aí para os outros, diz que prefere mesmo viver sozinha, comer sozinha, ir ao cinema sozinha. Ou nem sai de casa, diz que prefere ficar vendo Faustão do que ir ao clube e freqüentar aquele monte de gente esquisita. Mentira! Em psicologia a gente chama isso de dissonância cognitiva, que são essas justificativas que as pessoas arrumam para dar sentido a uma coisa que não tem sentido nenhum.
De toda forma, a racionalização é uma tentativa de superar o problema. Mas é uma tentativa muito frágil. Por exemplo, foi feita uma pesquisa com mulheres que fizeram cirurgia de câncer no seio. Perguntaram a elas quanto tempo se passou desde o momento que notaram os primeiros nódulos nos seios até a procura pelo médico e tratamento. O interessante é que algumas esperaram anos para ir ao médico. A média foi seis meses. Elas ficaram racionalizando, dizendo para si mesmas que aquilo não era nada. Achando que se ela ignorasse o nódulo, ele sumiria. Veja a que ponto de prejuízo pode chegar essa tal de racionalização.
Bem, vimos que entrar em pânico, racionalizar e criticar são as três formas erradas, mas infelizmente as mais comuns que as pessoas usam para lidar com as situações difíceis.
Não são as pessoas ou as situações que nos aborrecem. Parece que é, mas na verdade é o modo como pensamos e reagimos a essas coisas que determina o nível da sua irritação.
O Pensamento das Preferências Realistas
Somos nós que nos irritamos, mas podemos aprender a deixar de fazer assim. Como? Aprendendo a aplicar o quarto tipo de pensamento. Felizmente, há esse quarto tipo de pensamento que você pode ter quando alguém está tentando te tirar do serio. É fácil de entender, mas é difícil de colocar em prática. Eu vou mostrar como, mas te adianto que só com muita persistência e dedicação você chega lá.
Este tipo de pensamento é do tipo de preferências. As mais eficientes são assim: “eu se sentiria melhor se...“, “eu gostaria de...”, “eu preferiria que...”, “seria melhor se...”.
Para explicar melhor vou dar um exemplo de um professor. Em seu primeiro dia de aula ele passou pelos três tipo de pensamentos enlouquecedores. Primeiro os catastróficos. “E se minha aula for horrível”? “E se os alunos morrerem de tédio”? “E se fizerem uma pergunta que eu não sei responder”? “E se todo mundo for embora no meio da aula”?
Aí ele passou para a fase da autocrítica: “Eu deveria ter capacidade para dar uma excelente aula, mesmo sendo a primeira aula da minha vida. Minha mãe tinha razão, eu sou um idiota mesmo. Nunca vou ser nada na vida”.
Em seguida, ele partiu para as racionalizações. “E daí, nem me importo. Se eles não gostarem da minha aula, significa que são burros demais para entender minha capacidade. Se eles não sabem apreciar o que tenho a oferecer, o problema deles”.
Em terapia é possivel aprender a usar o pensamento na forma de preferências. Vejam bem que isso não é usar pensamento positivo. Eu não quero que ninguém fique rezando mentiras bonitas para si mesmo. O que eu quero são pessoas com capacidade de suportar as dificuldades da vida, que todo mundo tem, ninguém nasce com bônus de viver sem qualquer problema.
Bem quando ele conseguiu colocar a coisa em termos de preferências realistas, a sua visão referente às suas primeiras aulas ficaram assim: “Eu gostaria que esta sala gostasse de mim e de minhas aulas. Gostaria que respeitassem o que tenho a dizer. Se não for assim, será uma pena, mas não vai ser horrível, a não ser que eu assim o determine”.
Viu? Se o problema vai ser o fim do mundo, depende de você determinar que assim ele seja. Depende do quanto você permite que o problema te afete.
Mas aí esse paciente continua... “Gostaria de responder de forma brilhante a cada pergunta, mas, se não der, posso agüentar sem me criticar”.
Veja que a hora que isso se torna uma verdade interna - uma coisa que não é dita só da boca para fora, mas uma coisa que se diz e se sente como verdade -, sua vida muda.
Para sentir como verdade, não se deve tentar se convencer com um monte de pensamentos positivos bonitos, porém irreais, do tipo: “Eu sou um excelente professor, darei a melhor aula da minha vida, não errarei em nada”. Vejam que esse tipo de pensamento deixa as pessoas mais ansiosas ainda. Vira uma obrigação ser perfeito. O que não é real. Não se deve buscar essa perfeição irreal. Deve-se buscar a resistência, ideal, às frustrações.
Pensar em termos de preferências te libera para ir mais tranquilo e fazer o melhor dentro da sua capacidade. Você pode melhorar sempre, praticando. É claro que você vai se tornar muito bom, seja lá no que for.
O pensamento realista não te garante que tudo vai dar certo, mas garante que vale a pena tentar, tentar e se corrigir e aprender a cada tentativa. O pior é ficar paralisado e não fazer nada, por puro medo.
Vamos à outra situação. Você tem um chefe que nunca diz o quanto seu trabalho é bem feito, por mais que você se esforce, fique depois do horário. Ele não expressa a mínima consideração. O que ele faz é só apontar cada erro seu. Você até gosta do seu trabalho, mas essa situação esta te cansando. Bem antes de você pedir demissão e mudar para outro emprego com outro chefe igual ou pior, ou seja, antes de você trocar de problema, vamos analisar a situação.
Pensamentos que te levam ao pânico são: “E se eu tiver mesmo fazendo um trabalho medíocre? E se ele está cheio de mim? Porque ele não pode fazer um só elogio”?
Agora os pensamentos críticos: “Que chefe péssimo que eu tenho. Ele precisa entender que funcionários precisam de estímulo. Porque eu devo trabalhar tanto se só recebo criticas? Esse cretino precisa aprender a tratar as pessoas”.
Agora os pensamentos de racionalização podem ser: “É assim que funciona em todo lugar, toda empresa é igual. Vou apenas fazer meu trabalho, pegar meu cheque e chutar a porta, não vou esperar mais nada, não me importo”.
Os comportamentos das pessoas que tem esses pensamentos acabam sendo não se esforçar, tornar-se um sarcástico, passar a só reclamar, entrar em discussões com esse chefe ou recuar, guardar tudo para si e não dizer nada.
A solução é o pensamento realista. Eis alguns exemplos de pensamentos em termos de preferências realistas: “Gostaria que meu chefe apreciasse meus esforços, mas isso não significa que ele tenha que fazer. Preferiria que ele dissesse algo de positivo às vezes, gostaria que ele respeitasse meu trabalho e demonstrasse isso. Se ele não melhorar vai ser uma pena. Estou muito preocupado e me comprometo a fazer o melhor possível a respeito, inclusive falar com ele sem parece alguém que só reclama”.
Os comportamentos que podem vir de quem pensa dessa forma são muito melhor adaptados. A pessoa mantém seu orgulho, seu empenho, pode desenvolver um sistema de apoio onde os colegas de trabalho possam reconhecer uns aos outros. Quer o chefe melhore ou não, você vai ter lidado bem com a situação e não vai permitir que ele o tire do sério. Ou seja, você está sendo dono dos seus sentimentos, não está sendo refém dos outros.
Isto é muito importante: não ser refém dos outros. Você percebe a enorme diferença que aparece tanto na forma como você sente, como na forma que você se comporta e se dá conta que tudo isso depende da forma como você pensa.
Se você entende porque eu digo que o que te tira do sério não são os outros ou as coisas que te acontecem - que o que te tira do sério é você mesmo -, então você pode se autogerenciar e trabalhar essa cabeça para que ela funcione a seu favor e não contra você. Conte com seu psicólogo para trilhar este caminho de forma mais rápida e eficiente.
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